segunda-feira, 4 de outubro de 2004

Chegou-me por email mais uma coisa que gostei de ler

Numa demonstração da existência de sincronicidades várias neste mundo, no momento em que o Paulo Querido publicava um excelente e muito recomendável (sim, também gostei de o ler) texto acerca de blogues, internet, jornalismo e anonimato, parcial ou total, chegou-me por correio electrónico um óptimo texto de um anónimo a glosar a Nau Catrineta do Gil Vicente. Ei-lo:

NAU CATRINETA

Lá vem a Nau Catrineta
Que tem muito que contar

São Paulo Portas à proa
Santanás a comandar

Ouvi agora senhores
Uma história de pasmar

D. Bagão conta o pilim
D. Morais trata das velas

D. Guedes limpa com VIM
Tachos, pratos e panelas

D. Pereira na enfermaria
Conta pensos e emplastros

E o D. António Mexia
Põe vaselina nos mastros

D. Durão deu à soleta
Enjoou de andar à vela

E Santa Manuela Forreta
Largou-os sem lhes dar trela

Aflito El-Rei Sampaio
Com estas novas tão más

Disse aos bobos de soslaio
Chamai lá o Santanás

Aqui estou meu Senhor
Vós mandastes-me chamar?

Soube agora desse horror
D. Durão vai desertar?

Cala-te lá meu charmoso
Não me lixes mais a vida

Troco um cherne mal-cheiroso
Por um carapau de corrida?

Pobre da Nau Catrineta
Já lamento a tua sorte

Esta marinhagem da treta
Nem sabe onde fica o Norte

Parece que já estou vendo
Em vez de descobrir mundo

Ao primeiro pé de vento
Espetam com o barco no fundo

Ou então este matraque
Com pinta de Valentino

Gasta-me a massa do saque
Nas boîtes do caminho

Não se aflija meu Rei
Que agora vou assentar

Pois depois do que passei
Cheguei quase onde quis chegar

E por aquilo que passei
Aqui, que ninguém nos escuta,

Eu quero mesmo é ser Rei
E vamos embora, à luta!!!

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