Anda aí um sururu do caraças porque parece que abriram por aí umas feiras do livro. O meu hemisfério esquerdo, solidário, esquerdista, e etc., acha óptimo, porque o sururu dá promoção às feiras, logo à venda de livros, logo à leitura, e isso é bom para desentorpecer neurónios demasiado habituados à televisão. Mas o hemisfério direito, um chato cínico e egoísta, como bom direitista, tá-se positivamente cagando e pergunta-me para que me servirão as feiras a 300 e 700 quilómetros de distância, mais coisa, menos coisa...
Tenho de concordar com os dois, infelizmente...
sábado, 31 de maio de 2003
sexta-feira, 30 de maio de 2003
Spamesia (25)
Ontem nem sequer 20 spams recebi, e ainda por cima chegaram-me dois sem título, o que é um verdadeiro abuso. Aproveito portanto para fazer um apelo:
Caros spammers. Vocês e eu sabemos que a vossa actividade se resume à produção de lixo electrónico. Isso faz parte das regras do jogo, e o que há a fazer é tirar dele o partido possível. Mas quando me eviam spam sem um título não há qualquer partido a tirar do lixo. É puro lixo, inaproveitável e não reciclável. Por isso não o façam. Se me querem enviar spam, ao menos ponham-lhe alguma coisa no subject-line. Obrigado.
Arrumado este assunto, vamos ao spam do dia, que vinha em português e trazia como título "Seis razões":
Seis razões
São seis as razões para gostar de ti
A primeira de todas é estares aí
A segunda é seres quem és
A terceira é o fim do mês
A quarta é a cor da tua voz
A quinta é estarmos sós
E a sexta razão, de todas a maior
é que falando contigo eu sinto calor
Caros spammers. Vocês e eu sabemos que a vossa actividade se resume à produção de lixo electrónico. Isso faz parte das regras do jogo, e o que há a fazer é tirar dele o partido possível. Mas quando me eviam spam sem um título não há qualquer partido a tirar do lixo. É puro lixo, inaproveitável e não reciclável. Por isso não o façam. Se me querem enviar spam, ao menos ponham-lhe alguma coisa no subject-line. Obrigado.
Arrumado este assunto, vamos ao spam do dia, que vinha em português e trazia como título "Seis razões":
Seis razões
São seis as razões para gostar de ti
A primeira de todas é estares aí
A segunda é seres quem és
A terceira é o fim do mês
A quarta é a cor da tua voz
A quinta é estarmos sós
E a sexta razão, de todas a maior
é que falando contigo eu sinto calor
quinta-feira, 29 de maio de 2003
A arte da Natureza
Embora por vezes com uma ajudinha humana, a natureza tem o poder de criar das mais magníficas obras de arte. Belo exemplo disso são as imagens que podem ser apreciadas no site Frizion, do cientista (e vai em negrito porque vale a pena sublinhar) Peter Wasilewski. Olhem um exemplo:
Edit de 2008: O post original incluía uma imagem, mas o site entretanto removeu-a. De qualquer modo, o site mantém-se online e continua a valer uma visita.
Edit de 2008: O post original incluía uma imagem, mas o site entretanto removeu-a. De qualquer modo, o site mantém-se online e continua a valer uma visita.
Spamesia (24)
Ontem tive outra vez menos spams, só uns 30. Mas havia alguns títulos sugestivos, e entendam esta palavra como quiserem porque os havia para todos os gostos. Mas não peguei em nenhum desses títulos, não senhores. Virei-me, em vez disso, para a Sveta, que deve ser uma menina muito bem, ajuizando pela mensagem que me chegou: "Cute student Sveta very upset". Muito chateada está a Sveta, mas com o quê? A minha imaginação algo (?!) doentia descobriu:
A gira estudante Sveta está muito chateada
A gira estudante Sveta está muito chateada
porque algum capitalista lhe roubou a namorada
e agora não tem ninguém com quem faça marmelada
A gira estudante Sveta está muito chateada
A gira estudante Sveta está muito chateada
porque algum capitalista lhe roubou a namorada
e agora não tem ninguém com quem faça marmelada
quarta-feira, 28 de maio de 2003
Spamesia (23)
Ontem houve alguns "bons" spams, com títulos que fugiam da mesmice das próteses penianas ou dos viagras do costume. Ou seja, tive por onde escolher. Acabei por pegar num "Don't be silly". Realmente não fui suficientemente tonto para comprar o que me queriam vender, mas já o fui para escrever isto:
Não sejas tonto
Caro amigo das noitadas cibernéticas
tu que encontras nas paisagens esqueléticas
dos fios que se cruzam em redes miméticas
as novas razões das tuas raivas, das tuas éticas
lembra-te disto: no mundo lá fora
continua a matar-se e a morrer-se
por uma golfada de ar, por um torrão de pó
por isso, quando sentires que é tempo
de regressar do espaço sem espaço em que te perdes
pára, senta-te, fecha os olhos e relaxa
Não sejas tonto e fica aí mesmo se estás só
pois só aí é que os verdes são mesmo verdes
Não sejas tonto
Caro amigo das noitadas cibernéticas
tu que encontras nas paisagens esqueléticas
dos fios que se cruzam em redes miméticas
as novas razões das tuas raivas, das tuas éticas
lembra-te disto: no mundo lá fora
continua a matar-se e a morrer-se
por uma golfada de ar, por um torrão de pó
por isso, quando sentires que é tempo
de regressar do espaço sem espaço em que te perdes
pára, senta-te, fecha os olhos e relaxa
Não sejas tonto e fica aí mesmo se estás só
pois só aí é que os verdes são mesmo verdes
terça-feira, 27 de maio de 2003
Spamesia (22)
Ontem recebi menos spam "reaproveitável" que no dia anterior. Muito menos. Na realidade, os títulos foram quase todos uma bela porcaria. Mas lá peguei num "Looking for My Match!! LSJ", deixei cair os pontos de exclamação e o LSJ, e traduzi a coisa "criativamente" para:
À procura do meu fósforo
Percorri os corredores
da minha memória
às apalpadelas, na escuridão
Queria encontrar uma imagem de ti
um reflexo do que foste para mim
mas em vez disso nem sequer consegui
encontrar um fósforo
que me iluminasse o caminho
Sem darmos por isso, é assim
que as nossas buscas mudam de foco
Eu queria encontrar-te, e acabei
à procura do meu fósforo
À procura do meu fósforo
Percorri os corredores
da minha memória
às apalpadelas, na escuridão
Queria encontrar uma imagem de ti
um reflexo do que foste para mim
mas em vez disso nem sequer consegui
encontrar um fósforo
que me iluminasse o caminho
Sem darmos por isso, é assim
que as nossas buscas mudam de foco
Eu queria encontrar-te, e acabei
à procura do meu fósforo
segunda-feira, 26 de maio de 2003
A propósito da controvérsia do momento
Grassa uma imensa batalha na blogosfera entre os sentidos de humor divergentes do Gato Fedorento e dos Textos de Contracapa. Rapaziada, prestem atenção: as coisas azedam quando as pessoas estão demasiado cheias de si próprias e se levam a sério. Perceberam?
Spamesia (21)
Bem, isto da spamesia, originalmente, era suposto ser composta apenas por pequenos spamemas, umas quantas linhas apenas, fáceis de colocar aqui no blog e passíveis de serem lidos calmamente por eventuais visitantes com tempo nos olhos. Mas eis senão quando eu encontro no meio de um record diário de quase 50 (!) spams recebidos ontem, um de título "Hey you". A primeira coisa de que me lembrei foi da magnífica canção homónima dos Pink Floyd. A segunda, foi deste longo testamento que segue agora mesmo:
Eh, tu
Eh, tu, que vives a vida com olhos pixelados
cheios de uma alegria de plástico
experimenta agarrar no comando com as tuas mãos trémulas
e com mãos trémulas premir o botão de off
sei que sofrerás de abstinência
da companhia permanente que te faz quem nunca te viu
e nem se interessa por ti
e cuja imagem de ti é a de uma coluna de números esverdeados
que lhe indicam as probabilidades que tens
de consumir aquilo que te querem vender
Eh, tu, que recordas melhor a Cornélia
do que o rosto dos teus netos
vai à janela pela primeira vez em meses
abre-a e respira
ainda que o ar poluído te assalte os brônquios em ondas dolorosas
os teus olhos lacrimosos irão provavelmente sorrir de verdade
pela primeira vez em muitos anos
Eh, tu, que adormeces o cérebro com a última telenovela
e a comentas com as vizinhas, em sotaque brasileiro
da próxima vez que fores assaltada por uma comoção interna
por uma dúvida acerca da relevância da tua vida
experimenta não correr a ligar o écran
deixar que essa dúvida se instale, girá-la nas mãos
olhá-la de todos os ângulos possíveis
chorar, se for preciso
gritar, se te apetecer
abraçar o mundo com tudo o que ele é na realidade
Eh, tu, que foges de ti
Tu não passas de um pixel do écran da vida
e tens duas opções
ou tomas a mesma cor de todos os teus vizinhos
ajudando a criar uma imagem vazia
ou te rebelas e mudas de tom, nem que seja só um pouco
e ajudas a construir a grande obra de arte
que pode ser este planeta
Eh, tu
Eh, tu, que vives a vida com olhos pixelados
cheios de uma alegria de plástico
experimenta agarrar no comando com as tuas mãos trémulas
e com mãos trémulas premir o botão de off
sei que sofrerás de abstinência
da companhia permanente que te faz quem nunca te viu
e nem se interessa por ti
e cuja imagem de ti é a de uma coluna de números esverdeados
que lhe indicam as probabilidades que tens
de consumir aquilo que te querem vender
Eh, tu, que recordas melhor a Cornélia
do que o rosto dos teus netos
vai à janela pela primeira vez em meses
abre-a e respira
ainda que o ar poluído te assalte os brônquios em ondas dolorosas
os teus olhos lacrimosos irão provavelmente sorrir de verdade
pela primeira vez em muitos anos
Eh, tu, que adormeces o cérebro com a última telenovela
e a comentas com as vizinhas, em sotaque brasileiro
da próxima vez que fores assaltada por uma comoção interna
por uma dúvida acerca da relevância da tua vida
experimenta não correr a ligar o écran
deixar que essa dúvida se instale, girá-la nas mãos
olhá-la de todos os ângulos possíveis
chorar, se for preciso
gritar, se te apetecer
abraçar o mundo com tudo o que ele é na realidade
Eh, tu, que foges de ti
Tu não passas de um pixel do écran da vida
e tens duas opções
ou tomas a mesma cor de todos os teus vizinhos
ajudando a criar uma imagem vazia
ou te rebelas e mudas de tom, nem que seja só um pouco
e ajudas a construir a grande obra de arte
que pode ser este planeta
domingo, 25 de maio de 2003
Eis a Espanha a mostrar o caminho
Estou neste preciso momento a ouvir um directo de Madrid na televisão: a esquerda ganhou as eleições em Espanha. E um sorriso assalta-me o rosto, como se a esperança renascesse.
Novo E-nigma
É oficial. O E-nigma vai ser refundado, sob uma filosofia diferente da actual, e também com um visual diferente. Saibam mais pormenores através da Newsletter, mas para já, em pré-apresentação, aqui têm o novo logotipo, obra minha com aconselhamento técnico do Goblin.
Opiniões são muito bem-vindas.
sábado, 24 de maio de 2003
Spamesia (20)
O dia ainda não acabou, mas tenho quase certeza de que não irei receber nenhum spam com melhor título que "I don't know". Se me enganar, fica para amanhã. Hoje, tomem lá:
Não sei
Nunca votei em nenhum dos meus líderes
não sei se votei em algum dos meus líderes
Nunca cometi crimes, nem fui julgado por eles
não sei se cometi crimes e por eles fui julgado
Nunca violei ninguém, nunca tive sexo ilegal
não sei se violei ou tive sexo ilegal com alguém
Nunca comi pernas de rã
não sei se já comi pernas de rã
Nunca matei
não sei se matei
Nunca deixei de ser eu
não sei quem eu sou
Não sei
Nunca votei em nenhum dos meus líderes
não sei se votei em algum dos meus líderes
Nunca cometi crimes, nem fui julgado por eles
não sei se cometi crimes e por eles fui julgado
Nunca violei ninguém, nunca tive sexo ilegal
não sei se violei ou tive sexo ilegal com alguém
Nunca comi pernas de rã
não sei se já comi pernas de rã
Nunca matei
não sei se matei
Nunca deixei de ser eu
não sei quem eu sou
Escritores fedorentos
Acabou de me ocorrer que o mais fedorento dos escritores fedorentos terá sido sem sombra de dúvida o Dostoievski.
O meu primeiro blogger-spam
Há dias recebi o meu primeiro spam a um blog. Não me refiro àquelas mensagens de email que os bloggers usam para comunicar uns com os outros estilo "olha, falei de ti no meu blog" ou "topa só o que aquele gajo escreveu no blog dele! É preciso ter lata!" ou ainda "arranjem-me uma Minogue, plise!". Não. É spam legítimo, enviado para uma porção de "undisclosed recipients", o que demonstra que o indivíduo, pelo menos, sabe usar o seu programa de email, e sem conteúdo algum para além de um teaser e de um link para "ler mais".
Bem, o insólito da coisa levou-me a quebrar os meus princípios ir ler mais. Mas qual foi o meu espanto quando chego lá hoje e vejo o gajo a queixar-se... do spam!
Eu nem tencionava falar do assunto, muito menos pôr aqui um link, mas achei que a falta de vergonha na cara justifica ser divulgada.
O blog, de um brasileiro / blogger / spammer que "se acha foda", chama-se Liberal Libertário Libertino. Enjoiam.
Bem, o insólito da coisa levou-me a quebrar os meus princípios ir ler mais. Mas qual foi o meu espanto quando chego lá hoje e vejo o gajo a queixar-se... do spam!
Eu nem tencionava falar do assunto, muito menos pôr aqui um link, mas achei que a falta de vergonha na cara justifica ser divulgada.
O blog, de um brasileiro / blogger / spammer que "se acha foda", chama-se Liberal Libertário Libertino. Enjoiam.
Spamesia (19)
Ontem, sexta-feira, recebi mais uma bela pilha de spames, mas com uma aterradora escassez de títulos inspiradores. Se isto continua assim, vou ver-me grego para aproveitar alguma coisa daquela lixarada toda. Mas mesmo assim, depois de muito procurar, lá resolvi pegar num "Increased muscular strength", que em tradução deu algo como:
Força muscular aumentada
Para ter uma força muscular aumentada
não precisa de comprimidos ou injecções
de banhas da cobra ou milagrosas poções
de levantar pesos, correr, fazer flexões
Basta-lhe usar o polegar, e ordenar, do sofá
que a televisão lhe entregue a dose diária
de raiva
Força muscular aumentada
Para ter uma força muscular aumentada
não precisa de comprimidos ou injecções
de banhas da cobra ou milagrosas poções
de levantar pesos, correr, fazer flexões
Basta-lhe usar o polegar, e ordenar, do sofá
que a televisão lhe entregue a dose diária
de raiva
A propósito de cabalas
Deixem-me juntar-me ao Blog de Esquerda na recomendação de uma leitura atenta ao que diz alguém com muito conhecimento de causa nos seus Textos de Contracapa. Está lá tudo. Nas entrelinhas, como não poderia deixar de ser.
Mais um FC-blogue?
Os especialistas em canhotice do Cruzes-Canhoto resolveram criar uma categoria nova na sua área de links. Dedicaram-na à ficção científica, e confrontando-se com a escassez de FC-blogues na nossa terra, resolveram retirar A Lâmpada Mágica do "Pacto dos Canhotos", colocando-a lá, juntamente com o Tecnofantasia e o Blogaris.
Tudo bem. A natureza multifacetada deste blog é mesmo para ser difícil classificá-lo. E além disso, fico na boa companhia do Luís Filipe Silva e de um blog que não conhecia mas que parece giro. E ao qual, dito-cujo Blogaris, dou as boas vindas à luso-blogosfera...
Um gajo chega há um mês e já se sente veterano!...
Tudo bem. A natureza multifacetada deste blog é mesmo para ser difícil classificá-lo. E além disso, fico na boa companhia do Luís Filipe Silva e de um blog que não conhecia mas que parece giro. E ao qual, dito-cujo Blogaris, dou as boas vindas à luso-blogosfera...
Um gajo chega há um mês e já se sente veterano!...
sexta-feira, 23 de maio de 2003
Spamesia (18)
CONSEGUI!
Desculpem o grito, mas acabei de conseguir recuperar o atraso da spamesia e isso é... enfim... uma emoção! Cheguei ao dia de hoje, finalmente. A chatice é que hoje foi um péssimo dia para o spam. Pouquíssimos títulos reaproveitáveis, e mesmo os reaproveitáveis eram-no só marginalmente. Enfim... Acabei por pegar num "Approved (Ref: 38446-263)", que nem sequer era spam, era vírus, risquei a referência por incómoda e fiz:
Aprovado
A proposta posta perante esta assembleia
em que se propõe passar a passo na ideia
e correr com cuidado na concretização
deste precioso plano de recuperação
daquilo que dá peso e preço à nação
acabou de ser aprovada
por uma maioria qualificada
Cá fora, o povo olha e sorri
acotovela-se, faz caretas e ri
toca flautas e adufes, dó, ré, mi
e depois, encolhe os ombros
sai dali
Porque não tem dúvida, nem sequer meia
que aquela grandiloquência enfatuada
não vale nada
Por outro lado
o documento acabou por ser mesmo aprovado
Desculpem o grito, mas acabei de conseguir recuperar o atraso da spamesia e isso é... enfim... uma emoção! Cheguei ao dia de hoje, finalmente. A chatice é que hoje foi um péssimo dia para o spam. Pouquíssimos títulos reaproveitáveis, e mesmo os reaproveitáveis eram-no só marginalmente. Enfim... Acabei por pegar num "Approved (Ref: 38446-263)", que nem sequer era spam, era vírus, risquei a referência por incómoda e fiz:
Aprovado
A proposta posta perante esta assembleia
em que se propõe passar a passo na ideia
e correr com cuidado na concretização
deste precioso plano de recuperação
daquilo que dá peso e preço à nação
acabou de ser aprovada
por uma maioria qualificada
Cá fora, o povo olha e sorri
acotovela-se, faz caretas e ri
toca flautas e adufes, dó, ré, mi
e depois, encolhe os ombros
sai dali
Porque não tem dúvida, nem sequer meia
que aquela grandiloquência enfatuada
não vale nada
Por outro lado
o documento acabou por ser mesmo aprovado
quinta-feira, 22 de maio de 2003
Spamesia (17)
Chegámos a ontem, e a escolha foi complicada porque poucos títulos aproveitáveis me chegaram no spam. Acabei por pegar em "Re: I thought you might need this", outra não-resposta que eu transformei em algo que é, definitivamente, ficção científica:
Pensei que talvez precisasse disto
Pensei que talvez precisasse disto
É um quadro que muda de perspectiva
mostrando bocados do mundo já visto
pelas extensões da matriz psico-activa
Em constante mutação, esta peça
é arte de vanguarda, mesmo que não pareça
mais que uma janela para paisagens cubistas
e compartimentos surrealistas
Oferta válida apenas para os primeiros
cinco clientes a submeter-se ao tratamento
de remoção completa do cepticismo
Um tratamento que revoluciona o comodismo
e o leva muito além do sentimento
chegando quase aos mistérios derradeiros
Pensei que talvez precisasse disto
Pensei que talvez precisasse disto
É um quadro que muda de perspectiva
mostrando bocados do mundo já visto
pelas extensões da matriz psico-activa
Em constante mutação, esta peça
é arte de vanguarda, mesmo que não pareça
mais que uma janela para paisagens cubistas
e compartimentos surrealistas
Oferta válida apenas para os primeiros
cinco clientes a submeter-se ao tratamento
de remoção completa do cepticismo
Um tratamento que revoluciona o comodismo
e o leva muito além do sentimento
chegando quase aos mistérios derradeiros
Spamesia (16)
Terça houve mais uma boa colheita, com spam para todos os gostos e muitos títulos por onde escolher. E eu, resolvi pegar em "Re: Wanna hear a story?", que naturalmente náo é resposta a coisa nenhuma, antes um spam perfeitamente legítimo. Dele, fiz algo que até pode ser que seja FC:
Queres ouvir uma história?
Queres ouvir uma história?
Então fecha os olhos e imagina
uma estrela pequenina
em torno da qual giram dez mundos
Imagina o terceiro cheio de animais
e plantas e estranhos seres rotundos
e muitas outras coisas mais
Imagina que há nele algures um lugar
onde máquinas não páram de trabalhar
e do mar velhos prisioneiros
teimam em chamar pelos seus carcereiros
que não ouvem, pois não vivem
e olham as estrelas com órbitas vazias
Imagina esse mundo nesses dias
Imagina os conformismos e as rebeldias
que aninharam a sua história
num berço de tragédia
imagina os labirintos da sua memória
as velhas sombras de derrota e vitória
E depois diz-me: para quê ouvir histórias?
Queres ouvir uma história?
Queres ouvir uma história?
Então fecha os olhos e imagina
uma estrela pequenina
em torno da qual giram dez mundos
Imagina o terceiro cheio de animais
e plantas e estranhos seres rotundos
e muitas outras coisas mais
Imagina que há nele algures um lugar
onde máquinas não páram de trabalhar
e do mar velhos prisioneiros
teimam em chamar pelos seus carcereiros
que não ouvem, pois não vivem
e olham as estrelas com órbitas vazias
Imagina esse mundo nesses dias
Imagina os conformismos e as rebeldias
que aninharam a sua história
num berço de tragédia
imagina os labirintos da sua memória
as velhas sombras de derrota e vitória
E depois diz-me: para quê ouvir histórias?
Spamesia (15)
Segunda-feira foi dia de repetições. Tive direito a quatro cópias de "get the edge" a seis de "jorgecandeias be your own boss", curiosamente provenientes de origens diferentes. Mas para "comentar" não escolhi nenhum destes. Preferi o "blue pill?"
Pílula azul?
Mostraram no Matrix, no outro dia
que a realidade se determina pela cor
de pílulas que se engolem num copo de água
Disseram no Matrix, no outro dia
que a pílula vermelha é a que nos leva ao pesadelo
real daquilo a que chamamos mundo
Explicaram no Matrix, no outro dia
que a pílula azul é a nascente do esquecimento
e da realização do pesadelo virtual chamado mundo
Depois, no Matrix, obrigaram a uma escolha
Mas qual o porquê de tanta insegurança
se de pesadelo a pesadelo tão pequena é a diferença?
Pílula azul?
Mostraram no Matrix, no outro dia
que a realidade se determina pela cor
de pílulas que se engolem num copo de água
Disseram no Matrix, no outro dia
que a pílula vermelha é a que nos leva ao pesadelo
real daquilo a que chamamos mundo
Explicaram no Matrix, no outro dia
que a pílula azul é a nascente do esquecimento
e da realização do pesadelo virtual chamado mundo
Depois, no Matrix, obrigaram a uma escolha
Mas qual o porquê de tanta insegurança
se de pesadelo a pesadelo tão pequena é a diferença?
quarta-feira, 21 de maio de 2003
Spamesia (14)
Domingo houve spam em português, incluindo um título que me chega com a regularidade de um relógio suíço: "Lançamento na internet".
Lançamento na internet
Pego nas palavras, faço delas paredes, das paredes faço casa
mobilo-a com mais palavras, com palavras pinto quadros
que penduro nas paredes. Depois, pego em tudo e lanço na internet
Passado um ano, subo para o barco do meu rato, e clique a clique
ponho-me a navegar em busca da casa e dos quadros e das palavras.
Aqui encontro um espelho que ainda reflecte a sombra duma janela
ali, reconheço a cabeceira de uma cama, mais à frente metade de um sofá
depois, a ruína de uma parede e mais além mil cópias de uma telha
Do resto, nem sinal. Alguém sabe em que buraco se esconde o passado?
Em que escondidos caminhos passeia, por que túneis infindos se mete?
Lançamento na internet
Pego nas palavras, faço delas paredes, das paredes faço casa
mobilo-a com mais palavras, com palavras pinto quadros
que penduro nas paredes. Depois, pego em tudo e lanço na internet
Passado um ano, subo para o barco do meu rato, e clique a clique
ponho-me a navegar em busca da casa e dos quadros e das palavras.
Aqui encontro um espelho que ainda reflecte a sombra duma janela
ali, reconheço a cabeceira de uma cama, mais à frente metade de um sofá
depois, a ruína de uma parede e mais além mil cópias de uma telha
Do resto, nem sinal. Alguém sabe em que buraco se esconde o passado?
Em que escondidos caminhos passeia, por que túneis infindos se mete?
Boa, Luís!
O Goblin, também conhecido por Luís Rodrigues, saiu-se com um neologismo bestial para identificar estes versos originados em spam que tenho posto aqui: spamesia.
A minha vénia de admiração! Vou passar a usar o termo a partir do número 14...
A minha vénia de admiração! Vou passar a usar o termo a partir do número 14...
A explicação do Bibi
O Goblin, numa das suas viagens pelo oceano ciberespacial em busca de informação relevante para uma das suas paixões, China Miéville, deu com um bocadinho de informação que deve ser precioso para a justiça portuguesa.
E a grande novidade, que até agora passou despercebida à Polícia Judiciária e aos media, é: Bibi é um vampiro!
Com efeito, a consulta de uma fonte tão credível sobre este assunto como qualquer outra, o site Gravely Mistaken, demonstra esse facto para além de qualquer dúvida. No seu Vampyric Index vem escrito, e cito:
bibi:
A gypsy being associated with cholera and death. She is one of several vampire-like women who act as vengeful spirits or are threats to children and their mothers.
Já viram como bate tudo certo?
E a grande novidade, que até agora passou despercebida à Polícia Judiciária e aos media, é: Bibi é um vampiro!
Com efeito, a consulta de uma fonte tão credível sobre este assunto como qualquer outra, o site Gravely Mistaken, demonstra esse facto para além de qualquer dúvida. No seu Vampyric Index vem escrito, e cito:
bibi:
A gypsy being associated with cholera and death. She is one of several vampire-like women who act as vengeful spirits or are threats to children and their mothers.
Já viram como bate tudo certo?
Transformar spam em arte (13)
Começo a preocupar-me - isto não tarda dá a volta à semana e não consigo pôr-me em dia com o spam. Ainda hei-de morrer submerso em lixo. Enfim, adiante. Estamos no sábado passado, que me trouxe vários daqueles spams com títulos indecifráveis. Decidi, aleatoriamente, pegar no que dizia "iftern mudd". Claro que isto não significa nada. Logo, a minha "arte" também não:
iftern mudd
Silêncio, que o pato fala
na fala do gato que não cala
o ruído do mato e da bala
economato
manifestá-la
iftern mudd
Silêncio, que o pato fala
na fala do gato que não cala
o ruído do mato e da bala
economato
manifestá-la
segunda-feira, 19 de maio de 2003
Transformar spam em arte (12)
Sexta, mais uma pilha me chegou à mailbox, incluindo um de título "Tired?" Respondi à pergunta com:
Cansado?
Cansado de espanto?
Cansado de pranto
de ver chorar em esperanto?
Cansado de morte
de falta de sorte
de ouvir a guerra nos ventos do norte?
Cansado de fins sem princípios
de caminhos que findam em precipícios?
Cansado do mundo?
Cansado, no fundo
de ter do mundo a noção
de um lugar sem remissão?
Então
dá-me um abraço
e ajuda a mudar isto
passo a passo
Cansado?
Cansado de espanto?
Cansado de pranto
de ver chorar em esperanto?
Cansado de morte
de falta de sorte
de ouvir a guerra nos ventos do norte?
Cansado de fins sem princípios
de caminhos que findam em precipícios?
Cansado do mundo?
Cansado, no fundo
de ter do mundo a noção
de um lugar sem remissão?
Então
dá-me um abraço
e ajuda a mudar isto
passo a passo
sábado, 17 de maio de 2003
Transformar spam em arte (11)
Quinta-feira o spam voltou ao normal e tive largas dezenas de títulos por onde escolher, incluindo um particularmente inspirador: "Bathroom thriller". Claro que acabei por escrever um meu próprio e longo
Thriller de casa de banho
Entras na casa de banho de pés descalços no frio
a sombra entra contigo, esgueirada por trás do bidé
olhas-te no espelho, pensando que aquela não és tu
a sobra esconde-se à espera que deixes de olhar para ti
despes o roupão, deixando-o escorrer para o chão
a sombra treme um pouco e estende para ti uma mão
passas água pelo rosto, palpas os seios buscando um caroço
a sombra desliza pelos ladrilhos até tocar no teu pé
desprendes o cabelo, sentes um arrepio no pescoço
a sombra envolve-te as pernas com um hálito sombrio
passas a mão pelo ventre, enroscando-a nos pêlos
a sombra chega-te ao púbis e enlaça-o num aperto
gemes, baixinho
a sombra penetra
ronronas, mais alto
a sombra penetra
soltas gritos abafados
a sombra penetra
tens um orgasmo
a sombra penetra
as mãos percorrem-te o corpo numa languidez de feriado
a sombra percorre-te as mãos em ondas de lago salgado
queres parar mas não podes, e sentes um arrepio
a sombra entra em ti, enchendo o sítio vazio
sentes rumores, pavores e coisas que não entendes
a sombra percorre-te os ossos corroendo-te a estrutura
gritas, submersa de uma onda de pânico
a sombra expande, substituindo-se a ti
desabas de repente, espalhando-te pelo chão
e a sombra vai-se embora em busca de outro agora
Thriller de casa de banho
Entras na casa de banho de pés descalços no frio
a sombra entra contigo, esgueirada por trás do bidé
olhas-te no espelho, pensando que aquela não és tu
a sobra esconde-se à espera que deixes de olhar para ti
despes o roupão, deixando-o escorrer para o chão
a sombra treme um pouco e estende para ti uma mão
passas água pelo rosto, palpas os seios buscando um caroço
a sombra desliza pelos ladrilhos até tocar no teu pé
desprendes o cabelo, sentes um arrepio no pescoço
a sombra envolve-te as pernas com um hálito sombrio
passas a mão pelo ventre, enroscando-a nos pêlos
a sombra chega-te ao púbis e enlaça-o num aperto
gemes, baixinho
a sombra penetra
ronronas, mais alto
a sombra penetra
soltas gritos abafados
a sombra penetra
tens um orgasmo
a sombra penetra
as mãos percorrem-te o corpo numa languidez de feriado
a sombra percorre-te as mãos em ondas de lago salgado
queres parar mas não podes, e sentes um arrepio
a sombra entra em ti, enchendo o sítio vazio
sentes rumores, pavores e coisas que não entendes
a sombra percorre-te os ossos corroendo-te a estrutura
gritas, submersa de uma onda de pânico
a sombra expande, substituindo-se a ti
desabas de repente, espalhando-te pelo chão
e a sombra vai-se embora em busca de outro agora
O terceiro blog de um autor de FC português
Depois do do Luís Filipe Silva e do meu, apareceu há pouco tempo o terceiro blog de um autor de FC português. Chama-se Os Tempos que Correm e é de Miguel Vale de Almeida, cuja Euronovela ganhou o prémio Caminho de 1997.
Só tenho pena que o amigo Almeida se tenha dedicado tanto ao activismo político e ao activismo gay e tão pouco à ficção científica nos últimos tempos. E pelo que vi até agora do seu blog, parece que ele vai reflectir isso mesmo.
É pena...
Só tenho pena que o amigo Almeida se tenha dedicado tanto ao activismo político e ao activismo gay e tão pouco à ficção científica nos últimos tempos. E pelo que vi até agora do seu blog, parece que ele vai reflectir isso mesmo.
É pena...
Transformar spam em arte (10)
Com um final de semana cheio de peripécias, algumas das quais dolorosas (já deslocaram um dedo?), voltou a acumular-se spam em grandes quantidades aqui no meu email.
Mas quarta-feira até que foi um dia inacreditavelmente calmo. Receber pouco mais de 10 spams em 24 horas deixou-me um pouco intrigado. E alegre! O lado chato foi que para além de um spam de título "have fun", nada mais apareceu de reutilizável. E com tão pouco material, a arte torna-se difícil, como se pode ver pelo que se segue:
Divirta-se
Ó amigo!
Se acha que isto é um misto
de lixo já visto e revisto
com loucura primordial
e uma grande falta de sal
fale comigo!
Se não, então divirta-se
pois só com risos, sorrisos
e outros sinais de pouco siso
é que a mioleira se agita
Mas quarta-feira até que foi um dia inacreditavelmente calmo. Receber pouco mais de 10 spams em 24 horas deixou-me um pouco intrigado. E alegre! O lado chato foi que para além de um spam de título "have fun", nada mais apareceu de reutilizável. E com tão pouco material, a arte torna-se difícil, como se pode ver pelo que se segue:
Divirta-se
Ó amigo!
Se acha que isto é um misto
de lixo já visto e revisto
com loucura primordial
e uma grande falta de sal
fale comigo!
Se não, então divirta-se
pois só com risos, sorrisos
e outros sinais de pouco siso
é que a mioleira se agita
Este é um blogue "tendencialmente canhoto"
Um tipo que recém-chega a um lugar qualquer deve procurar orientação e definições junto de quem já está na área há mais tempo. Assim, resolvi perguntar aos jovens do Cruzes Canhoto, renomados especialistas na matéria, se este blog seria ou não um blog canhoto. A resposta não podia ser mais clara:
Tendencialmente canhoto, com previsões de predomínio de spamização até à próxima escandaleira político-partidária.
Isto de falar com especialistas é experiência enriquecedora! Até fazem previsões!
Tendencialmente canhoto, com previsões de predomínio de spamização até à próxima escandaleira político-partidária.
Isto de falar com especialistas é experiência enriquecedora! Até fazem previsões!
Etiquetas:
lâmpada mágica,
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testes de personalidade
Dois contos meus publicados
Oriesta! Então não é que o Luís Filipe Silva ressuscitou o Tecnofantasia? O saite, não o blogue.
E então não é que republicou lá um dos meus velhos continhos, um continho chamado Um Mergulho ao Anoitecer? E não é que, não satisfeito, publicou integralmente o conto Um Fim de Semana em Paris (cortando-lhe o "um" do título), que tinha ficado meio-publicado na velha Eventos?
Ena, ena!...
E então não é que republicou lá um dos meus velhos continhos, um continho chamado Um Mergulho ao Anoitecer? E não é que, não satisfeito, publicou integralmente o conto Um Fim de Semana em Paris (cortando-lhe o "um" do título), que tinha ficado meio-publicado na velha Eventos?
Ena, ena!...
A explicação de Portugal
O Gato Fedorento encontrou a explicação científica para Felgueiras. Passo a citar:
EXPLICAÇÃO CIENTÍFICA PARA FELGUEIRAS: É verdade que na província há muita gente boa e sã. Mas não é menos verdade que há lá também uma enorme abundância de primos direitos a casarem entre si. RAP
Esta questão dos primos direitos é, realmente, a mais pura das verdades. Mas os gatos fedorentos foram pouco ousados. A coisa não só explica Felgueiras como toda a província e ainda a Quinta da Marinha. E mais: os primos direitos, depois de casarem entre si, emigram para a capital levando a descendência atrás - a gente sabe bem como a malta da Parvónia se embasbaca com uma cidade à séria -, enchendo-a de chotaques berdadeiramiente intressaantiiis e das demais consequências da consaguiniedade. Ora, como é em Lisboa que está tudo - governo, AR, sedes partidárias e empresariais, directorias-gerais disto e daquilo, quiloetecetera - esta questão dos primos direitos acaba por ser a explicação não só de Felgueiras ou da Quinta da Marinha, mas de Portugal inteiro!...
Só vejo uma solução: façamos trocas de casais entre a cidade e a província. Vocês mandam para cá as vossas mulheres, lindas, perfumadas e neuróticas, e nós enviamo-vos as nossas, humildes, feiosas e boas cozinheiras. Eu até já falei no assunto à mulher do meu primo direito e ela ficou tão entusiasmada que já está ali ao lado, na casa de banho da palhota, a fazer a barba. A ideia parece ter tudo para ser um sucesso.
EXPLICAÇÃO CIENTÍFICA PARA FELGUEIRAS: É verdade que na província há muita gente boa e sã. Mas não é menos verdade que há lá também uma enorme abundância de primos direitos a casarem entre si. RAP
Esta questão dos primos direitos é, realmente, a mais pura das verdades. Mas os gatos fedorentos foram pouco ousados. A coisa não só explica Felgueiras como toda a província e ainda a Quinta da Marinha. E mais: os primos direitos, depois de casarem entre si, emigram para a capital levando a descendência atrás - a gente sabe bem como a malta da Parvónia se embasbaca com uma cidade à séria -, enchendo-a de chotaques berdadeiramiente intressaantiiis e das demais consequências da consaguiniedade. Ora, como é em Lisboa que está tudo - governo, AR, sedes partidárias e empresariais, directorias-gerais disto e daquilo, quiloetecetera - esta questão dos primos direitos acaba por ser a explicação não só de Felgueiras ou da Quinta da Marinha, mas de Portugal inteiro!...
Só vejo uma solução: façamos trocas de casais entre a cidade e a província. Vocês mandam para cá as vossas mulheres, lindas, perfumadas e neuróticas, e nós enviamo-vos as nossas, humildes, feiosas e boas cozinheiras. Eu até já falei no assunto à mulher do meu primo direito e ela ficou tão entusiasmada que já está ali ao lado, na casa de banho da palhota, a fazer a barba. A ideia parece ter tudo para ser um sucesso.
terça-feira, 13 de maio de 2003
Transformar spam em arte (9)
E eis-nos chegados ao spam de hoje, uma colecção variada de lixo electrónico. Resolvi rir-me um bocadinho e peguei numa "nvitation", traduzindo-a para:
Nvite
Nvido-vos a todos para o táculo desta noite.
Vamos fazer vitar um fante e uma rafa
sem fios nem quaisquer timanhas
só com a força da nossa lidade
Pois, vamos para a noite bano-pressiva
versar sobre o gnificado da vida
e sobre a guerra à dade nistrativa
O grama termina com um gulho no rio
no fundo do qual nos peram, cientes
o fante e a rafa, já pós-vitados
Estão nvidados. Vamos bora!
Nvite
Nvido-vos a todos para o táculo desta noite.
Vamos fazer vitar um fante e uma rafa
sem fios nem quaisquer timanhas
só com a força da nossa lidade
Pois, vamos para a noite bano-pressiva
versar sobre o gnificado da vida
e sobre a guerra à dade nistrativa
O grama termina com um gulho no rio
no fundo do qual nos peram, cientes
o fante e a rafa, já pós-vitados
Estão nvidados. Vamos bora!
Transformar spam em arte (8)
E passamos logo em seguida para o spam de segunda-feira, entre o qual vinha uma mensagem com o inspirador título de "I Missed You", assim mesmo, em maiúsculas. E eu, traduzi para:
Senti a tua falta
Olá, que bom rever-te
que bom voltar a tocar-te
que bom voltar a ter-te
nas ondas da minha cama
que bom olhar de novo
no fundo dos teus olhos
que bom ver neles sorrisos
que bom, o toque dos sinos
nos repiques da tua voz
Senti-te a falta, sabias?
Senti-te a falta todos os dias
Senti a tua falta
Olá, que bom rever-te
que bom voltar a tocar-te
que bom voltar a ter-te
nas ondas da minha cama
que bom olhar de novo
no fundo dos teus olhos
que bom ver neles sorrisos
que bom, o toque dos sinos
nos repiques da tua voz
Senti-te a falta, sabias?
Senti-te a falta todos os dias
Transformar spam em arte (7)
OK, tenho de escrever uns quantos hoje, se quero recuperar o tempo perdido e limpar de spam a minha in-box. Sem mais delongas, o de agora é um poemazito de terror, o spam que lhe deu origem chegou-me no domingo e trazia o título de "Look out your window".
Olhe pela janela
Sempre que sentir que os sentidos esmorecem
que as pessoas não são bem o que parecem
que véus cobrem as verdades mais cruas
que as ideias dos outros não são bem como as suas
que as ruas não estão nuas, antes arrelvadas
com sangue e ossos e cabeças decepadas
olhe pela janela e observe com cuidado
e depois esqueça
Não é bom conhecer a realidade
nem nada que se pareça
Olhe pela janela
Sempre que sentir que os sentidos esmorecem
que as pessoas não são bem o que parecem
que véus cobrem as verdades mais cruas
que as ideias dos outros não são bem como as suas
que as ruas não estão nuas, antes arrelvadas
com sangue e ossos e cabeças decepadas
olhe pela janela e observe com cuidado
e depois esqueça
Não é bom conhecer a realidade
nem nada que se pareça
Nobel da paz para Adolf Hitler?
Segundo uma notícia veiculada pela UOL e pela Reuters, um deputado norueguês propôs para o Nobel da Paz os nomes de George Bush e Tony Blair pela "eficiência" da invasão do Iraque. Ninguém sabe disto, mas o avô paterno deste senhor tinha apresentado uma proposta muito parecida em 1939. Tratava-se então de premiar Adolf Hitler pela eficiência da blitzkrieg polaca.
Coisas de família...
Coisas de família...
segunda-feira, 12 de maio de 2003
Transformar spam em arte (6)
Este é dos spams de sábado. Acumulei-os ao longo do fim de semana, sem tempo nem paciência para tratar do mail, e hoje a lista é imensa. Este vinha em português. Ou antes, em portugues: chamava-se "Da valor a sua saude e bem-estar?"
O que escrevi não é bem arte. É isto:
Dá valor à sua saúde e bem-estar?
Dá valor à sua saúde e bem-estar?
Encontra neles o motivo de aqui estar?
Então, não perca a extraordinária promoção
do elixir mágico do Rei Salomão!
Duma penada, sem esforço nem cansaço
dá-lhe potência, saúde, músculos de aço
um pénis de vinte e cinco centímetros
um carrão com mais de quatro metros
um harém, vinte odaliscas prontas a servir
dois jactos particulares, para ir e vir
da sua ilha privada, ou das empresas
que passará a ter, graças ao elixir
Uma oportunidade única, a não perder
a não ser que ponha a cabeça a funcionar
O que escrevi não é bem arte. É isto:
Dá valor à sua saúde e bem-estar?
Dá valor à sua saúde e bem-estar?
Encontra neles o motivo de aqui estar?
Então, não perca a extraordinária promoção
do elixir mágico do Rei Salomão!
Duma penada, sem esforço nem cansaço
dá-lhe potência, saúde, músculos de aço
um pénis de vinte e cinco centímetros
um carrão com mais de quatro metros
um harém, vinte odaliscas prontas a servir
dois jactos particulares, para ir e vir
da sua ilha privada, ou das empresas
que passará a ter, graças ao elixir
Uma oportunidade única, a não perder
a não ser que ponha a cabeça a funcionar
Um favorzinho
Queria pedir-vos um favorzinho: se por acaso virem à venda em alguma livraria o livro de João Barreiros O Caçador de Brinquedos e Outras Histórias, avisem para cá. É que o pobre do autor anda em tristes tristezas, convencido de que não lhe põem os livros nas livrarias e que, por isso, ninguém os compra.
A gerência agradece.
A gerência agradece.
sexta-feira, 9 de maio de 2003
Transformar spam em arte (5)
Bem, isto hoje não é bem arte - é mais panfleto. Publicitário, claro - afinal de contas estamos a falar de spam, não é verdade? Este vinha em português e chamava-se "Novidades! Não perca..." Só alterei um sinal de pontuação neste título.
Poderia ter feito um panfleto artístico, é verdade. Mas a musa tem dias, como boa mulher que é, e às vezes sai de mansinho ou nem por isso, zanga-se, desaparece batendo com a porta e fica fora por uns tempos. É assim, há que aprender a viver com ela. Sem musa, não faço ideia do que me poderá ter inspirado nesta coisa. Não faço mesmo. Não sei de onde veio aquilo. Coisa estranha, não é?
Novidades! Não perca!
Há novidades nos campos da guerra
à espera que a guerra se lembre de si
Não perca! Não quererá ficar de fora
quando todos os seus amigos já tiverem
bombas inteligentes e de fragmentação
munições de urânio empobrecido, moabs
mísseis cruzeiro e todas as outras armas
que destroem massivamente homens maus
(só homens maus. E mulheres, e crianças
e soldados e civis, mas todos, todos maus)
Corra agora! A promoção é válida apenas
para os clientes mais rápidos e mais abonados
Quem vier depois terá de contentar-se
em ser campo de treino. Não é mau
mas é sempre melhor estar do lado do gatilho
Poderia ter feito um panfleto artístico, é verdade. Mas a musa tem dias, como boa mulher que é, e às vezes sai de mansinho ou nem por isso, zanga-se, desaparece batendo com a porta e fica fora por uns tempos. É assim, há que aprender a viver com ela. Sem musa, não faço ideia do que me poderá ter inspirado nesta coisa. Não faço mesmo. Não sei de onde veio aquilo. Coisa estranha, não é?
Novidades! Não perca!
Há novidades nos campos da guerra
à espera que a guerra se lembre de si
Não perca! Não quererá ficar de fora
quando todos os seus amigos já tiverem
bombas inteligentes e de fragmentação
munições de urânio empobrecido, moabs
mísseis cruzeiro e todas as outras armas
que destroem massivamente homens maus
(só homens maus. E mulheres, e crianças
e soldados e civis, mas todos, todos maus)
Corra agora! A promoção é válida apenas
para os clientes mais rápidos e mais abonados
Quem vier depois terá de contentar-se
em ser campo de treino. Não é mau
mas é sempre melhor estar do lado do gatilho
quinta-feira, 8 de maio de 2003
Transformar spam em arte (4)
Hoje tive uma escolha difícil. O spam era mais que muito, havia vários com títulos sugestivos (eu só lhes leio os títulos), e quando escolhi um, simplesmente intitulado "Be" , esbarrei com alguns becos sem saída. Acabou por sair isto:
Seja
Não pense nem sinta
nem pense que sente
o que talvez nem sinta
não complique: seja
Não consegue à primeira?
Beba uma cerveja...
Seja
Não pense nem sinta
nem pense que sente
o que talvez nem sinta
não complique: seja
Não consegue à primeira?
Beba uma cerveja...
O que vale é que eles às vezes são muito incompetentes
Se seguirem o link que vos leva até esta página do site The Memory Hole, irão deparar com uma análise detalhada de uma primeira página de um diário inglês, acerca da "libertação" de Bagdade.
A fotografia é grosseiramente falsa, como se demonstra no site. Mas mostra duas coisas muito importantes: em primeiro lugar a completa falta de escrúpulos dos "jornalistas" e dos "jornais" a soldo do Pentágono (casos semelhantes aconteceram nos EUA) e da sua contrapartida inglesa, que não hesitam em falsificar a realidade de um modo perfeitamente orwelliano, e em segundo lugar que no mundo actual é necessário estarmos com muita atenção a todos os sinais da realidade, a todos os padrões de que ela se compõe, antes de podermos ter alguma segurança de que aquilo que estamos a ver não foi falsificado.
Felizmente, por vezes ainda surgem casos de incompetência gritante na manipulação, como o do Evening Standard, que nos servem como lembretes de que no século XXI teremos de encarar o que nos querem vender como informação isenta com uma dose elevada de paranóia. Mas infelizmente, por cada caso destes, relativamente fácil de detectar, muitos outros casos de falsificação das notícias são simplesmente indetectáveis para o comum dos cidadãos.
A opção mais segura para evitarmos transformar-nos em fantoches permanentemente manipulados por aquilo que nos mentem é, muito simplesmente, não acreditar em nada. Em particular sempre que a informação vem de militares ou governantes. Ou, em geral, de gente com muita coisa a esconder.
A fotografia é grosseiramente falsa, como se demonstra no site. Mas mostra duas coisas muito importantes: em primeiro lugar a completa falta de escrúpulos dos "jornalistas" e dos "jornais" a soldo do Pentágono (casos semelhantes aconteceram nos EUA) e da sua contrapartida inglesa, que não hesitam em falsificar a realidade de um modo perfeitamente orwelliano, e em segundo lugar que no mundo actual é necessário estarmos com muita atenção a todos os sinais da realidade, a todos os padrões de que ela se compõe, antes de podermos ter alguma segurança de que aquilo que estamos a ver não foi falsificado.
Felizmente, por vezes ainda surgem casos de incompetência gritante na manipulação, como o do Evening Standard, que nos servem como lembretes de que no século XXI teremos de encarar o que nos querem vender como informação isenta com uma dose elevada de paranóia. Mas infelizmente, por cada caso destes, relativamente fácil de detectar, muitos outros casos de falsificação das notícias são simplesmente indetectáveis para o comum dos cidadãos.
A opção mais segura para evitarmos transformar-nos em fantoches permanentemente manipulados por aquilo que nos mentem é, muito simplesmente, não acreditar em nada. Em particular sempre que a informação vem de militares ou governantes. Ou, em geral, de gente com muita coisa a esconder.
quarta-feira, 7 de maio de 2003
Uma possibilidade em cem milhões
Pois é. Há gente com grandes malapatas. Estava a senhora Colby Navarro calmamente em frente ao computador um destes dias, quem sabe se a consultar blogs interessantes como os que estão linkados a partir deste, quando lhe entra pelo tecto um calhau que ainda lhe vai dar cabo da impressora e fazer uma bela duma mossa na parede. Era o quê? Um meteorito, nada menos. A história, com prova fotográfica, pode ser lida no Astronomy Picture of the Day de ontem.
É preciso ter galo. As hipóteses de isso acontecer a qualquer um de nós são ínfimas.
O mais engraçado é que quando os escritores tentam passar histórias destas para literatura, vêem-se confrontados com o velho problema da verosimilhança. Há acontecimentos da vida real que são demasiado improváveis para serem credíveis em livro. Como falar deles sem ter multidões de leitores enraivecidos a atirar os nossos livros pela janela, sentindo a sua inteligência ultrajada, sentindo-se enganados?
Aceito ideias sobre isto. Eu cá, por mais que puxe pelos neurónios, não consigo encontrar lá nada...
É preciso ter galo. As hipóteses de isso acontecer a qualquer um de nós são ínfimas.
O mais engraçado é que quando os escritores tentam passar histórias destas para literatura, vêem-se confrontados com o velho problema da verosimilhança. Há acontecimentos da vida real que são demasiado improváveis para serem credíveis em livro. Como falar deles sem ter multidões de leitores enraivecidos a atirar os nossos livros pela janela, sentindo a sua inteligência ultrajada, sentindo-se enganados?
Aceito ideias sobre isto. Eu cá, por mais que puxe pelos neurónios, não consigo encontrar lá nada...
Transformar spam em arte (3)
Hoje, o spam escolhido para sair do caixote do lixo e ser reciclado em versos até que trazia um título sugestivo, o que mostra que há alguns spammers com uma certa dose de sentido estético. Uma certa dose digital de sentido estético. Sim. Uma "Digital dose"...
Ah, é verdade: este ainda é ficção científica. Não o será por muito tempo, mas por enquanto...
Dose digital
Abro olhos em que pixels piscam por momentos
para depois se fixarem nos pequenos movimentos
do mundo digital que me assalta a realidade
Entro num repente no fluxo rítmico da cidade
feita de sombras rombas, de virtualidade
e recolho o feedback dos meus velhos sentimentos
Velho macaco vertical, velho primata cabeçudo
que fazes tu nos cruzamentos deste novo mundo?
Ah, é verdade: este ainda é ficção científica. Não o será por muito tempo, mas por enquanto...
Dose digital
Abro olhos em que pixels piscam por momentos
para depois se fixarem nos pequenos movimentos
do mundo digital que me assalta a realidade
Entro num repente no fluxo rítmico da cidade
feita de sombras rombas, de virtualidade
e recolho o feedback dos meus velhos sentimentos
Velho macaco vertical, velho primata cabeçudo
que fazes tu nos cruzamentos deste novo mundo?
terça-feira, 6 de maio de 2003
Transformar spam em arte (2)
Esta coisa de transformar lixo em arte começou aqui há uns anos largos por uns tipos descabelados que encaravam a coisa sob um aspecto tridimensional: os escultores de vanguarda. Segundo o Paulo Portas e respectivos amigos, o que eles faziam (e continuam a fazer) não passava da simples transformação de lixo em lixo. E às vezes até era.
Quanto ao que eu faço, fica à vossa consideração. O spam de hoje intitulava-se "Are you happy?"
Está feliz?
Maria ouve a pergunta, coçando o nariz:
“Se estou feliz?
Que quer dizer com isso de estar feliz?
Tenho um bom marido, um óptimo petiz
Agora se estou feliz...
Francamente não sei. O horóscopo não diz.”
Quanto ao que eu faço, fica à vossa consideração. O spam de hoje intitulava-se "Are you happy?"
Está feliz?
Maria ouve a pergunta, coçando o nariz:
“Se estou feliz?
Que quer dizer com isso de estar feliz?
Tenho um bom marido, um óptimo petiz
Agora se estou feliz...
Francamente não sei. O horóscopo não diz.”
segunda-feira, 5 de maio de 2003
Transformar spam em arte
Recebo dezenas de spams diários. Chegam-me de todos os lados aos magotes, anunciando, aliciando, contaminando, irritando. São uma praga.
Mas hoje, resolvi tentar transformar spam em arte. Olhei para os títulos das mensagens e, no meio das ofertas de próteses penianas, viagra, fraudes de IRS, sexo do melhor e demais vertentes dessa cacofonia publicitária, encontrei uma mensagem intitulada "Blinding self fascination".
E escrevi:
Auto-fascinação cegante
Ontem ceguei com a fascinação que senti por mim
e ao cegar senti que sem ti fico cego e frio, assim
Mas hoje, resolvi tentar transformar spam em arte. Olhei para os títulos das mensagens e, no meio das ofertas de próteses penianas, viagra, fraudes de IRS, sexo do melhor e demais vertentes dessa cacofonia publicitária, encontrei uma mensagem intitulada "Blinding self fascination".
E escrevi:
Auto-fascinação cegante
Ontem ceguei com a fascinação que senti por mim
e ao cegar senti que sem ti fico cego e frio, assim
domingo, 4 de maio de 2003
Uma entrada atípica
O que mais me irrita em estar vivo é que o estou sem pedir nada a ninguém, mas para permanecer nesse estado é preciso andar sempre a fazer pedidos.
Desculpe incomodar, mas não estaria por acaso interessado na minha força de trabalho? Não? Sou baratinho e... não? Pronto, não se fala mais nisso. Obrigado de qualquer forma. Se mudar de opinião... não? Passe bem, muito obrigado.
Enfim...
Desculpe incomodar, mas não estaria por acaso interessado na minha força de trabalho? Não? Sou baratinho e... não? Pronto, não se fala mais nisso. Obrigado de qualquer forma. Se mudar de opinião... não? Passe bem, muito obrigado.
Enfim...
sábado, 3 de maio de 2003
OT
Deixem-me confessar um dos meus prazeres culposos: sou espectador fiel da Operação Triunfo, um programa que funde conceitos como os de concurso, programa musical e big brother (na sua abjecta versão televisiva, não na sua extraordinária origem literária) num todo surpreendentemente coerente.
Para quem não conhece a coisa, dezasseis jovens e não tão jovens competem entre si e principalmente contra si próprios num esforço de melhoria das suas capacidades vocais, fechados num híbrido de casa-big-brother e escola de música, sujeitos domingo a domingo a serem postos na rua através da votação telefónica dos espectadores.
Há aspectos muito desagradáveis naquele programa, é verdade. Tudo o que ele tem de big brother me deixa no mínimo incomodado. As legiões de fãs fanáticos que gera também me deixam muito incomodado, até porque no fundo são esses fãs a principal razão que o programa tem para existir. São eles quem gasta dezenas de euros todas as semanas a votar nos seus "favoritos", ou a salvar da saída o concorrente A ou o concorrente B. São eles quem leva os discos aos tops. São eles quem compra o merchandising da coisa. E serão eles quem irá decidir, em última análise, se aquelas 16 pessoas terão ou não mais do que os seus 15 minutos de fama, se serão ou não esquecidas para sempre mal o programa acabe.
Mas apesar de tudo isto, gosto daquilo. Para começar, a escola de música é dirigida por uma enorme senhora da música portuguesa, a cantora jazz Maria João. E também, ou talvez principalmente, porque em cada um daqueles 16 se vê, por vezes em alguns, quase sempre noutros, brilhar bem forte o fogo do talento. E a mim, o talento comove-me.
Agora, o programa aproxima-se do fim. E eu começo a estar na expectativa. Não de quem vai ser o vencedor, porque para mim isso é inteiramente secundário e não tem o mínimo interesse. Mas sim acerca de quais daqueles jovens de olhos brilhantes irão manter esse brilho no olhar depois da OT.
É que neste país, o talento verdadeiro é quase sempre olhado com desconfiança e chega a ser activamente sabotado pela massa abjecta dos medíocres. E eu pergunto a mim próprio quantos daqueles rapazes e raparigas sabem disso. Quantos sabem que entraram voluntariamente numa máquina muito capaz de trucidá-los, mastigá-los e cuspi-los sem o menor remorso, sem um último olhar. E quantos, ao aperceber-se disto, são capazes de encontrar forças para se manterem puros.
É isto que me preocupa no pós-OT. E a vocês?
Para quem não conhece a coisa, dezasseis jovens e não tão jovens competem entre si e principalmente contra si próprios num esforço de melhoria das suas capacidades vocais, fechados num híbrido de casa-big-brother e escola de música, sujeitos domingo a domingo a serem postos na rua através da votação telefónica dos espectadores.
Há aspectos muito desagradáveis naquele programa, é verdade. Tudo o que ele tem de big brother me deixa no mínimo incomodado. As legiões de fãs fanáticos que gera também me deixam muito incomodado, até porque no fundo são esses fãs a principal razão que o programa tem para existir. São eles quem gasta dezenas de euros todas as semanas a votar nos seus "favoritos", ou a salvar da saída o concorrente A ou o concorrente B. São eles quem leva os discos aos tops. São eles quem compra o merchandising da coisa. E serão eles quem irá decidir, em última análise, se aquelas 16 pessoas terão ou não mais do que os seus 15 minutos de fama, se serão ou não esquecidas para sempre mal o programa acabe.
Mas apesar de tudo isto, gosto daquilo. Para começar, a escola de música é dirigida por uma enorme senhora da música portuguesa, a cantora jazz Maria João. E também, ou talvez principalmente, porque em cada um daqueles 16 se vê, por vezes em alguns, quase sempre noutros, brilhar bem forte o fogo do talento. E a mim, o talento comove-me.
Agora, o programa aproxima-se do fim. E eu começo a estar na expectativa. Não de quem vai ser o vencedor, porque para mim isso é inteiramente secundário e não tem o mínimo interesse. Mas sim acerca de quais daqueles jovens de olhos brilhantes irão manter esse brilho no olhar depois da OT.
É que neste país, o talento verdadeiro é quase sempre olhado com desconfiança e chega a ser activamente sabotado pela massa abjecta dos medíocres. E eu pergunto a mim próprio quantos daqueles rapazes e raparigas sabem disso. Quantos sabem que entraram voluntariamente numa máquina muito capaz de trucidá-los, mastigá-los e cuspi-los sem o menor remorso, sem um último olhar. E quantos, ao aperceber-se disto, são capazes de encontrar forças para se manterem puros.
É isto que me preocupa no pós-OT. E a vocês?
O Garth Nix...
... está online, com um site todo high-tech. Aqui. E parece ser precisamente o que eu calculava que fosse...
O fantástico está em alta?
Parece que a resposta é óbvia e afirmativa, pelo menos se tivermos na memória a maneira quase absoluta como se ignorava nos media toda a literatura fantástica apenas há um ano, e fizermos o contraponto com o que acontece hoje em dia. Acontecem coisas que nem os mais optimistas esperariam.
Hoje, no suplemento Mil Folhas do PÚBLICO, há uma página inteira destinada a falar do fantástico, sob responsabilidade de Dulce Furtado. Metade destinada ao terror, a outra metade sobre a fantasia, só falta mesmo a ficção científica para ter completo o trio principal (e tradicional) da literatura fantástica.
E fala-se de quê? Bem, de um livro teórico de Lovecraft, O Terror Sobrenatural na Literatura, editado pela Vega (e não pela "Veja", como vem na ficha - os correctores automáticos fazem destas coisas), e de um romance de Garth Nix intitulado A Missão de Sabriel que eu desconheço por completo mas que parece enquadrar-se na subcorrente de fantasia heróica que a Presença tem vindo a publicar nos últimos tempos.
Fim do mundo?
Ou talvez princípio, quem sabe?
Hoje, no suplemento Mil Folhas do PÚBLICO, há uma página inteira destinada a falar do fantástico, sob responsabilidade de Dulce Furtado. Metade destinada ao terror, a outra metade sobre a fantasia, só falta mesmo a ficção científica para ter completo o trio principal (e tradicional) da literatura fantástica.
E fala-se de quê? Bem, de um livro teórico de Lovecraft, O Terror Sobrenatural na Literatura, editado pela Vega (e não pela "Veja", como vem na ficha - os correctores automáticos fazem destas coisas), e de um romance de Garth Nix intitulado A Missão de Sabriel que eu desconheço por completo mas que parece enquadrar-se na subcorrente de fantasia heróica que a Presença tem vindo a publicar nos últimos tempos.
Fim do mundo?
Ou talvez princípio, quem sabe?
sexta-feira, 2 de maio de 2003
Podia realmente acontecer
Conhecem a Ansible? Se não conhecem e gostam de FC, façam favor de passar a conhecer. Aquilo é um marco mensal e o editor, David Langford, colecciona Hugos.
E eis o que vem na última Ansible (minha tradução):
«MARGARET ATWOOD explica o vasto golfo que separa o nosso mundo do dela: "A ficção científica tem monstros e naves espaciais; a ficção especulativa poderia realmente acontecer" (Guardian, entrevista, 26 de Abril)»
Mas que profundidade de raciocínio! Estou verdadeiramente boquiaberto, olhiaberto e cucaído com tamanha elaboração, conhecimento e erudição! Se me aparecesse a Maggie Atwood à frente neste momento, rojar-me-ia a seus pés em abjecta humilhação! É fantástico!...
Consegue duma penada explicar-me que livros como Mais que Humanos, A Longa Tarde da Terra ou Stalker, entre muitos outros, não são ficção científica e que Aldrin, Armstrong e senhores que se seguiram, ou nunca foram à Lua, ou chegaram lá de uma maneira qualquer que não envolveu naves espaciais. Brilhante!
Ah, e também que Hitler, Staline, Pol Pot e George Bush não não monstros, porque os monstros não existem, a não ser debaixo da cama do Calvin...
Que diria a sra. Atwood se soubesse que aquela colecção onde lhe publicaram as memórias da serva, essa mesma, da Europa-América, com um nome esquisito, Nébula ou não sei quê, que diria a senhora, repito, se soubesse que essa colecção é uma colecção de... (glup!) ficção científica?...
E eis o que vem na última Ansible (minha tradução):
«MARGARET ATWOOD explica o vasto golfo que separa o nosso mundo do dela: "A ficção científica tem monstros e naves espaciais; a ficção especulativa poderia realmente acontecer" (Guardian, entrevista, 26 de Abril)»
Mas que profundidade de raciocínio! Estou verdadeiramente boquiaberto, olhiaberto e cucaído com tamanha elaboração, conhecimento e erudição! Se me aparecesse a Maggie Atwood à frente neste momento, rojar-me-ia a seus pés em abjecta humilhação! É fantástico!...
Consegue duma penada explicar-me que livros como Mais que Humanos, A Longa Tarde da Terra ou Stalker, entre muitos outros, não são ficção científica e que Aldrin, Armstrong e senhores que se seguiram, ou nunca foram à Lua, ou chegaram lá de uma maneira qualquer que não envolveu naves espaciais. Brilhante!
Ah, e também que Hitler, Staline, Pol Pot e George Bush não não monstros, porque os monstros não existem, a não ser debaixo da cama do Calvin...
Que diria a sra. Atwood se soubesse que aquela colecção onde lhe publicaram as memórias da serva, essa mesma, da Europa-América, com um nome esquisito, Nébula ou não sei quê, que diria a senhora, repito, se soubesse que essa colecção é uma colecção de... (glup!) ficção científica?...
Sinais do fim do mundo
No seu blog, o Luís Rodrigues dá três sinais de que o mundo se aproxima do fim:
Pois bem, caro Goblin: o mundo está mesmo a acabar. É que o Acontece acabou de recomendar outro livro de FC! Desta vez foi O Ladrão dos Sonhos, de Stephen Lawhead!
Os sinais multiplicam-se. Vou começar a comprar conservas.
- João Barreiros voltou a escrever (e nada menos que um romance)
- Neil Gaiman está em Portugal
- O Acontece recomendou O Jogo de Ender, tradução portuguesa do romance Ender's Game, de Orson Scott Card.
Pois bem, caro Goblin: o mundo está mesmo a acabar. É que o Acontece acabou de recomendar outro livro de FC! Desta vez foi O Ladrão dos Sonhos, de Stephen Lawhead!
Os sinais multiplicam-se. Vou começar a comprar conservas.
Mais depressa do que consigo lê-los
Hoje fui acordado pelo carteiro, e a resmunguice mal-humorada típica da ocasião foi substituída rapidamente por alegria: ele trouxe-me livros.
Mais precisamente cinco livros, fruto de uma compra oportunista, aproveitando descontos de 20% que a Webboom resolveu fazer para, dizem eles, "comemorar o Dia Mundial do Livro". Verdade? Marketing? Quero lá saber!
O certo é que não só vieram os livrinhos em menos de uma semana (A Canção de Kali, de Dan Simmons, O Jardim de Infância, de Geoff Ryman, Por Outros Mundos, de A. A. Attanasio, E Tudo o Tempo Levou, de Ward Moore e O Império do Medo, de Brian Stableford, tudo da velhinha colecção Limites, da Clássica Editora, dirigida pelo João Barreiros), como vieram com um desconto bem superior ao que eu estava à espera, porque a editora resolveu baixar os preços de venda ao público destes livros para quase metade!
Uau! I'm in Heaven!
O problema é que, com o tamanho da minha pilha de livros a ler, não há-de ser tão cedo que esta literatura está lida. O mundo, definitivamente, não é perfeito.
Mais precisamente cinco livros, fruto de uma compra oportunista, aproveitando descontos de 20% que a Webboom resolveu fazer para, dizem eles, "comemorar o Dia Mundial do Livro". Verdade? Marketing? Quero lá saber!
O certo é que não só vieram os livrinhos em menos de uma semana (A Canção de Kali, de Dan Simmons, O Jardim de Infância, de Geoff Ryman, Por Outros Mundos, de A. A. Attanasio, E Tudo o Tempo Levou, de Ward Moore e O Império do Medo, de Brian Stableford, tudo da velhinha colecção Limites, da Clássica Editora, dirigida pelo João Barreiros), como vieram com um desconto bem superior ao que eu estava à espera, porque a editora resolveu baixar os preços de venda ao público destes livros para quase metade!
Uau! I'm in Heaven!
O problema é que, com o tamanho da minha pilha de livros a ler, não há-de ser tão cedo que esta literatura está lida. O mundo, definitivamente, não é perfeito.
quinta-feira, 1 de maio de 2003
Que tal vai esse código?
Como sempre acontece, os projectos pessoais na web suplantam largamente os institucionais. Este é um caso típico. Que tal anda o seu código da estrada? Bem? Nem por isso? Não sabe?
Então faça os testes de código da estrada online para saber.
Aqui pra nós que ninguém nos ouve, eu fiz agora mesmo um teste... e chumbei.
Edit de 2008: O mal da web é ser tão transitória. Podem clicar naquele URL ali em cima se quiserem, mas não chegarão a lado nenhum. Cinco anos mudam muita coisa por aqui.
Então faça os testes de código da estrada online para saber.
Aqui pra nós que ninguém nos ouve, eu fiz agora mesmo um teste... e chumbei.
Edit de 2008: O mal da web é ser tão transitória. Podem clicar naquele URL ali em cima se quiserem, mas não chegarão a lado nenhum. Cinco anos mudam muita coisa por aqui.
O braço partido
Uma senhora que viu muito do século passado e tanto deste como todos nós, não viu um lancil que se esgueirou para a frente do seu pé no parque de estacionamento de um centro comercial algarvio. Se fosse na América, tal acto de incúria daria direito a processo legal multimilionário através do qual a senhora e a sua família teria uma óptima hipótese de enriquecer à custa do tal centro comercial (cujos donos enriquecem à nossa, claro). Aqui, na terra dos tribunais que bocejam e se revolvem em camas forradas a papéis inúteis, nem vale a pena pensar nisso. Mas divago.
A senhora, puxada pelas amarras decobertas pelo chato do Newton, espalhou-se ao comprido e soltou um grito de quebrar vidros a dezenas de metros de distância. O marido, que estava mesmo ao lado, ficou instantaneamente aflito e surdo, e enquanto a senhora se contorcia no chão com dores, ele olhava à volta, atarantado, sem saber o que fazer. Acorreu, claro, a multidão do costume, composta apenas por médicos e enfermeiros, todos com firmes opiniões clínicas, abalizadas pelas respectivas ausências de diploma na área da saúde.
Às tantas, um senhor autoritário olhou em volta e gritou: "Onde está o marido desta senhora?" "Estou aqui", tartamudeou o marido, atrapalhado. "Você?!", indignou-se o autoritário, olhando para o outro de um modo superior e cheio de desprezo. O enredo começava a adensar-se.
Sorte que a senhora, no meio da sua névoa de dores, teve presença de espírito suficiente para confirmar o casamento. É que o pobre do marido já começava a ter fama de facínora entre a multidão. Tinha, tudo o indicava, empurrado a pobre velhota, fazendo-a estatelar-se e partir um braço (soube-se mais tarde) em dois lugares diferentes. O malandro! E ainda teve o desplante de fazer-se passar por marido, certamente para fugir a responsabilidades! Porco!
Tivesse a senhora desmaiado, coisa que costuma acontecer a quem tem acidentes deste género, que teria acontecido ao marido, sozinho no meio da turba?
O povo é sereno, dizia o outro. Pois é. Sereníssimo. Mas é melhor não lhe cair nas mãos na altura errada, quer-me parecer.
Ah, e caso estejam em dúvida, esta história é verdadeira. Contaram-ma os meus pais ao regressar do hospital.
A senhora, puxada pelas amarras decobertas pelo chato do Newton, espalhou-se ao comprido e soltou um grito de quebrar vidros a dezenas de metros de distância. O marido, que estava mesmo ao lado, ficou instantaneamente aflito e surdo, e enquanto a senhora se contorcia no chão com dores, ele olhava à volta, atarantado, sem saber o que fazer. Acorreu, claro, a multidão do costume, composta apenas por médicos e enfermeiros, todos com firmes opiniões clínicas, abalizadas pelas respectivas ausências de diploma na área da saúde.
Às tantas, um senhor autoritário olhou em volta e gritou: "Onde está o marido desta senhora?" "Estou aqui", tartamudeou o marido, atrapalhado. "Você?!", indignou-se o autoritário, olhando para o outro de um modo superior e cheio de desprezo. O enredo começava a adensar-se.
Sorte que a senhora, no meio da sua névoa de dores, teve presença de espírito suficiente para confirmar o casamento. É que o pobre do marido já começava a ter fama de facínora entre a multidão. Tinha, tudo o indicava, empurrado a pobre velhota, fazendo-a estatelar-se e partir um braço (soube-se mais tarde) em dois lugares diferentes. O malandro! E ainda teve o desplante de fazer-se passar por marido, certamente para fugir a responsabilidades! Porco!
Tivesse a senhora desmaiado, coisa que costuma acontecer a quem tem acidentes deste género, que teria acontecido ao marido, sozinho no meio da turba?
O povo é sereno, dizia o outro. Pois é. Sereníssimo. Mas é melhor não lhe cair nas mãos na altura errada, quer-me parecer.
Ah, e caso estejam em dúvida, esta história é verdadeira. Contaram-ma os meus pais ao regressar do hospital.
Os pequenos prazeres inconfessáveis do Luís
... ou, melhor dizendo, dos personagens perfeitamente loucos do Luís. O Luís Filipe Silva, para quem não sabe...
Li esse conto há bocado, na versão abrasileirada da Gostosa (e um destes dias dou-vos dois dedos de conversa acerca de versões abrasileiradas de textos portugueses), e achei que tinha piada conversar um bocadinho sobre ele.
É um conto bem interessante, para começar. Uma linha narrativa entrecortada de flashbacks que constituem outra linha narrativa, com capítulos com numerações cruzadas. Um conto de terror sobrenatural e doentio que, ao contrário do que é comum no terror português que já me passou pelas mãos, funciona.
Só tenho pena do final que acaba por funcionar como uma espécie de redenção, ainda que não fosse esse o objectivo. A morte é demasiado final. O conto seria mais forte se acabasse com um ciclo eterno de tortura.
Digamos que o prazer inconfessável seria maior assim...
Quem não sabe do que estou a falar, tem bom remédio: compre ou a antologia brasileira Como era Gostosa a Minha Alienígena (Ano-Luz, org. Gerson Lodi-Ribeiro), ou a colectânea do Luís chamada O Futuro à Janela, editada pela Caminho e pelo Círculo de Leitores.
Li esse conto há bocado, na versão abrasileirada da Gostosa (e um destes dias dou-vos dois dedos de conversa acerca de versões abrasileiradas de textos portugueses), e achei que tinha piada conversar um bocadinho sobre ele.
É um conto bem interessante, para começar. Uma linha narrativa entrecortada de flashbacks que constituem outra linha narrativa, com capítulos com numerações cruzadas. Um conto de terror sobrenatural e doentio que, ao contrário do que é comum no terror português que já me passou pelas mãos, funciona.
Só tenho pena do final que acaba por funcionar como uma espécie de redenção, ainda que não fosse esse o objectivo. A morte é demasiado final. O conto seria mais forte se acabasse com um ciclo eterno de tortura.
Digamos que o prazer inconfessável seria maior assim...
Quem não sabe do que estou a falar, tem bom remédio: compre ou a antologia brasileira Como era Gostosa a Minha Alienígena (Ano-Luz, org. Gerson Lodi-Ribeiro), ou a colectânea do Luís chamada O Futuro à Janela, editada pela Caminho e pelo Círculo de Leitores.
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