sexta-feira, 5 de março de 2004

Há muito tempo que não me indignava tanto

Um energúmeno chamado Jerónimo Gomes, que por acaso é padre da igreja católica, achou que a melhor forma de promover o julgamento e provável encarceramento das mulheres que interrompem a gravidez, mais quem as ajuda a fazê-lo, era mostrar a crianças de 9 anos um "catálogo" de fetos deformados, completo com afirmações completamente delirantes que chegam ao cúmulo de relatar uma imaginária venda de fetos para consumo humano em mercados de Taiwan.

Esta última é apenas a mais grave de uma série inacreditável de patacoadas completamente desprovidas de bases na realidade, que servem apenas para aterrorizar as crianças, e que têm como objectivo traumatizá-las o suficiente para as tornar incapazes de utilizar o cérebro que, diz a instituição a que pertence tal anormal, deus lhes deu. É assim que se faz, no Portugal do século XXI, a promoção da estupidez mais crassa e da ignorância fundamentalista de que qualquer talibã se orgulharia.

Se a igreja católica praticasse aquilo que prega (amor pelo próximo, compaixão, etc., etc.), um doente mental que fizesse uma barbaridade destas seria imediatamente destituído de todas as suas funções e nunca mais poderia aproximar-se a menos de 10 metros de uma criança que fosse.

Quanto aos chamados "pró-vida" (mais adequadamente chamados "pró-prisão"), nem sei que diga. Isto fez parte de uma campanha que saiu para a rua com a aprovação de uma das organizações pró-prisão, mas quero crer que a maioria dos seus membros e simpatizantes sente repugnância por tal acto. Quero mesmo crer nisso. Gostaria mesmo muito de acreditar que a mais abjecta das barbáries, escondida por detrás de trajes beatos, não é regra mas excepção naquela gente.

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