O sheik Yassin era um homem sinistro. Olhava-se para aqueles olhos de louco, ouvia-se aquele fio de voz sibilina e estremecia-se por dentro. Não por causa da deformidade, mas pelo que a deformidade significava. O sheik Yassin tinha um poder imenso, ordenando, a partir da sua cadeira de rodas forrada a ódio e fanatismo, que se matasse e morresse.
O sheik Yassin era um terrorista. Hoje morreu, num ataque em que os helicópteros militares nele utilizados não disfarçam o seu carácter terrorista. Foi apenas mais um assassínio duma longa série de assassínios cometidos por Israel, e que explicam tanta coisa no médio oriente. Até, provavlemente, a existência do sheik Yassin.
É que este ataque terrorista que matou o líder do Hamas gerou um mártir. Nunca Yassin teve tanto poder como o que passou a ter hoje. Nunca teve tanta gente disposta a morrer pelo seu nome, integrada numa qualquer organização que tenha como fito levar a morte aos infiéis: o Hamas, a Jihad... a Al Qaeda...
É assim que agem os aliados: ajudando-se mutuamente. No momento em que o sangrento atentado de Madrid levantava uma onda de indignação entre os moderados do mundo árabe, que ainda são a esmagadora maioria, Israel, o estado terrorista por excelência, desencadeia um ataque que acaba de um dia para o outro com essa indignação, substituindo-a por outra. A Al Qaeda suspirou de alívio: assim ganhou mais material humano com que trabalhar e, muito provavelmente, mais financiamentos. O futuro, para os terroristas, voltou a sorrir. A esta hora estará Bin Laden a endereçar os seus agradecimentos ao amigo Sharon.
E nós, na Europa, é bom que ponhamos duma vez por todas Israel no rol das organizações terroristas, porque é isso mesmo que aquilo é.
Adenda: a propósito disto, recomendo a leitura disto e disto (onde se diz quase o mesmo que eu digo) e, já agora, disto.
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