Na quinta-feira chegaram-me 91 mensagens-lixo, muitas delas virais. Mas a que escolhi, intitulada "Re: aghast", era spam genuíno. Acho. Não abri. Seja como for, utilizei-a para escrever uma fábula do futuro próximo:
Aterrorizado
Aterrorizado o povo olha
em volta à procura
de uma cara mais escura
em que os olhos brilhem
mais do que é costume
com a luz interior
do fanatismo
ou dos mesmos olhos
em caras de outra cor
Aterrorizado, o povo corre
refugiando-se na segurança
relativa de um tecto porque
à sua volta há gente que morre
morta por balas que não se
sabe nunca bem quem disparou
Aterrorizado o povo vota
numa violência feita
de cruzes num papel
sem sequer se dar bem conta
de que dessa violência virtual
uma outra nascerá, bem real
botas negras, coletes
à prova de bala, bastões
armas de guerra ligeira
e urbana, ecos de outras eras
Aterrorizado, o povo é gado
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