quinta-feira, 18 de junho de 2009

Questões de grande velocidade (QGV)

Toda esta confusão de politiquices à volta do TGV fez-me lembrar uma crónica que publiquei em Junho de 2001, há precisamente oito anos, no jornal onde trabalhava. Fui relê-la. Se não fosse pelos algarvios se terem entretanto calado com o TGV, podia escrevê-la hoje.

Não sabem do que estou a falar, pois não? Podia mandar-vos comprar Os Pés e a Cabeça, mas vocês mandavam-me bugiar, e com razão. De modo que aqui a têm. Digam lá se eu não sou um compincha.

Tudo a Grande Velocidade (TGV)


Não, TGV não significa "tudo a grande velocidade". É uma sigla francesa que vem de "train de grande vitesse", ou seja, "comboio de grande velocidade", ou seja, CGV.
Parece que a coisa atinge um bué (palavra que consta do novo dicionário da língua portuguesa, portanto não me batam) de quilómetros por hora e que se houvesse disso no Algarve nos poria em Lisboa num par de horas, o que é sem dúvida um contraste interessante com as 4 ou 5 que as sacolejadeiras da CP levam actualmente a carregar-nos até ao barco trans-Tejo.
Viva o CGV, então?
Bem, parece que é caro. Há quem diga mesmo que é bué de caro. E parece que por ser assim tão caro só cá chega daqui a uns 20 anos, mais coisa menos coisa, se chegar a chegar cá.
Há umas semanas, vimos os autarcas e empresários algarvios em coro a exigir o CGV, menos os do PSD, que esses nunca fazem coro com os do PS, por uma questão de princípio. Acho bem. É bom manter os princípios.
Mas sabem o que vai acontecer?
Se chegar a ser aprovado o plano que traz o CGV para o Algarve daqui a 20 anos, mais ano menos ano, nem um tostão furado será entretanto investido na melhoria da linha de CPV (Comboio de Pequena Velocidade). Ou seja, ficaremos atolados durante mais vinte anos (mais ano menos ano) no mesmíssimo atoleiro ferroviário em que estamos agora, com um serviço de qualidade fraquinha, lento, sacolejante, incómodo, obsoleto e, feitas as contas a todos os defeitos, caro.
Será que vale a pena?
Não será melhor que se modernize a linha actual, se lhe ponha duas vias, se actualize o material circulante para que entre Faro e Portimão se passe a poder viajar em uma hora e se consiga chegar a Lisboa em 3, e tudo isso já, em vez de ficar mais vinte anos à espera duma miragem de grande velocidade (MGV) que pode ir por água abaixo à primeira contrariedade orçamental?
Como naquele programa chatíssimo da televisão de aqui há anos, você decide.

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