segunda-feira, 8 de junho de 2009

O Bloco e o Algarve

Há algumas coisas na política portuguesa que me causam perplexidade. Bem, minto, há montes de coisas na política portuguesa que me causam perplexidade (e a portuguesa, mesmo assim, é melhor do que outras que há por este mundo fora). Geralmente é uma perplexidade má, do estilo "mas como é que isto é possível, neste mundo e nesta época?!" Mas nalguns casos é uma perplexidade boa. Coisas que não compreendo, mas que me agradam mesmo sem compreender.

Uma dessas coisas é a força que o Bloco de Esquerda tem no Algarve.

O Bloco não tem estruturas locais particularmente visíveis, nenhum dos seus dirigentes de maior relevo é oriundo da região, não há no Algarve nenhum dos factores que costumam associar-se ao Bloco, e, no entanto, olhando para o país todo, vê-se que é no Algarve que o Bloco obtém maior percentagem, praticamente 15%. Só o distrito de Setúbal lhe chega perto, também acima dos 14%. No meu concelho, Portimão, chega mesmo aos 17%, e na freguesia de Portimão, isto é, na cidade propriamente dita, aproxima-se dos 17,5%.

O que é que explica isto? Não faço a mínima ideia. Ou por outra, tenho umas ideias vagas com as quais tenho especulado ao longo dos anos. Já aqui tinha falado delas. Mas, embora Portimão continue a ser dos sítios em que o Bloco tem mais força, este fenómeno bloquista no Algarve estendeu-se agora a todo o litoral. À grande cidade de 300 mil habitantes (dois milhões e meio quando o Verão corre bem aos hoteleiros), com 5 km de largura e 100 km de extensão que é o litoral algarvio nos dias que correm.

Se calhar é isso que explica o Bloco no Algarve. Mas olhem que era coisa que, se eu fosse sociólogo, muito me interessaria estudar.

Já agora, e num aparte, se nas eleições legislativas os resultados do Algarve fossem estes, teríamos uma distribuição de deputados muito interessante:

PSD: 27.39%, 3 deputados
PS: 24.98%, 3 deputados
BE: 14.95%, 1 deputado
CDU: 10.35%, 1 deputado

E de em vez de 8 fossem 9, o partido seguinte a eleger alguém seria o CDS. Giro, não é?

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