terça-feira, 2 de agosto de 2011

Lido: O Conde de Montecristo

Não, aquilo em que estão a pensar, o romance de Dumas, chama-se O Conde de Monte Cristo. O que li foi O Conde de Montecristo (bib.), um conto de Italo Calvino no qual o conde de Dumas é também protagonista. É para verem o que faz um espaço. Não está só, contudo, o conde. É acompanhado por outras personagens do romance de Dumas, como o Abade de Faria e Edmond Dantès. E também por Napoleão Bonaparte.

O conto de Calvino, porém, é surrealismo puro. Contado pelo conde, na primeira pessoa, descreve as cogitações deste a respeito do local em que está prisioneiro, muito em especial da sua topografia. Para ir recolhendo dados é em muito auxiliado pelo Abade de Faria, o qual se dedica a uma incessante atividade de escavação, abrindo buracos nas paredes a fim de tentar encontrar maneira de fugir. E quem diz paredes, diz chãos e tetos, pois na surrealista fortaleza que Calvino nos apresenta nada obsta a que um buraco aberto numa parede vá desaguar num teto e um furo num chão desemboque numa parede. Ou vice-versa. E o conde vai somando cada novidade trazida pelo abade ao seu esquema mental da fortaleza, que consequentemente se vai expandindo e complicando cada vez mais à medida que o tempo passa. Mas nenhum deles desiste; fugir é ideia fixa.

Este é um conto delicioso para quem gosta destas coisas. E eu gosto.

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