Freefall é um conto de ficção científica de Michael Bateman que, embora difira em muitos pormenores, ressoa estranhamente com um conto meu, publicado em 2002, No Vento Frio de Tharsis. Já não é a primeira vez que me acontece ver temas que tratei em histórias minhas tratados independentemente em contos de outros autores. Desta vez a minha saiu primeiro (esta é de 2003), mas nem sempre isso acontece, e é sempre muito estranho. É como se as ideias andassem por aí a flutuar numa espécie de noosfera exterior aos nossos cérebros, à espera de serem apanhadas por qualquer autor que estenda a mão. E se forem vários a fazê-lo, elas não se fazem rogadas.
Além de estranho, é incómodo. Porque este tipo de coincidência costuma dar pratinho cheio aos idiotas da má-língua. Quantas vezes viram já acusações de plágio atiradas a torto e a direito, mesmo que não haja a mais pequena hipótese do autor X ter contactado com a obra do autor Y antes de escrever a sua? Pois.
Como é óbvio, evidente e cristalino, Bateman não me plagiou. Mas o ambiente dos desportos radicais está lá, o risco também, a ambientação em outros planetas idem aspas, as conversas com uma mulher contrária à ideia de pôr a vida em risco por algo que ela não compreende igualmente por lá andam, etc. Quase toda a base dos contos é igual, embora os pormenores sejam diferentes. No meu, o protagonista faz parapente, no de Bateman faz algo de semelhante ao bungee jumping; no meu a mulher fica na Terra, no dele parte com o protagonista para o espaço; no meu o protagonista vai para Marte, no dele para Júpiter; no meu, a história é contada do ponto de vista do protagonista, no dele do da mulher.
E sim, é claro que, apesar da estranheza e do incómodo, gostei do conto. É um bom conto de FC, bem construído e bem executado.
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