Perfect Pilgrim é uma noveleta de Jom Grimsley que nos apresenta uma ficção científica francamente mística. Num futuro distante em que a Humanidade está bastante alterada em relação ao que é hoje e mostra uma miríade de formas e condições, um rapaz vindo de um mundo distante chega a Sha-Nal, planeta sagrado e centro do universo, para uma peregrinação. Aí vai deparar com uma viagem de descoberta, de si e da sociedade que o rodeia, que não é nada do que estava à espera.
É uma história que me desde o início joga fortemente com o sentido de estranhamento comum a muita FC, mas que a meu ver não o faz lá muito bem. É tudo demasiado. São abordados demasiados temas, desde a descoberta de si mesmo às questões de identidade de género, passando pelos limites do humano, pela ideia de alma e reencernação, por mais uma série de coisas, e tudo num espaço demasiado reduzido, não permitindo que nenhuma delas seja devidamente explorada, embora tanha de reconhecer que o misticismo subjacente à noveleta me teria afastado dela mesmo que não contivesse tanta coisa.
Demasiado. Demasiado em demasiados aspetos, menos... na história propriamente dita. Essa existe a menos, e só podia ser assim, porque com tanto estranhamento no espaço duma noveleta pouco resta para desenvolver uma história. Ou personagens com alguma riqueza.
Quem se delicie com a estranheza, aqueles cujo foco de atenção principal sejam as ideias, provavelmente gostarão desta história. Quem se interesse mais pelo resto quase de certeza não gostará. E eu, intermédio como sou, não tendo desgostado por completo não posso dizer que tenha gostado.
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