O Mistério da Árvore (bib.) é um muito poético conto curto de Raul Brandão que, em jeito de história de fadas, fala de um reino governado por um rei tão malvado que tinha feito secar a água das fontes. No reino havia uma árvore, também ela há muito seca, onde eram há séculos enforcados os condenados à morte. A esse reino chega um dia um casal de mendigos, que muito se amam, e que por isso mesmo (e por serem mendigos) afrontam o rei e são condenados a morrer enforcados na tal árvore. E é o que acontece. Mas o amor é vida e a árvore, morta, ganha vida.
Trata-se de um conto muito bonito, muito doce, muito romântico, mas cuja verdadeira força está no magnífico uso da língua que nele é feito, não propriamente na história que conta (que nem me parece que seja nada de especial). Além disso, tem o tamanho certo. Se fosse maior sairia da dimensão típica dos contos populares de caráter maravilhoso que lhe servem de inspiração, e seria mais difícil evitar que a prosa poética começasse a cansar. Assim, tudo parece estar no sítio que lhe é próprio. Gostei bastante, mesmo não sendo este o tipo de conto que mais me costuma agradar. E recomendo, exceto a quem ache que só as histórias sombrias valem a pena.
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