O Caminho (bib.), de José Régio, é mais um conto onírico dos muitos que me têm passado pelas mãos — e pelos olhos — nos últimos tempos. Contado na primeira pessoa, relata o que faz e pensa o protagonista ao achar-se perdido, a pé, numa estrada rural nas imediações, pensa ele, de Vila Meã. É pesadelo típico. O pobre do homem vai andando estrada fora e, ou não encontra vivalma, ou quem encontra age de forma bizarra, recusando-se a ajudá-lo quando lhes pede indicações para voltar à vila. E a coisa vai-se tornando cada vez mais aterradora até que acontece o que costuma acontecer nos pesadelos: o sonhador acorda.
De novo, não gostei muito. Não há no conto qualquer surpresa, ele progride como os pesadelos progridem sempre, termina como os pesadelos terminam, apesar do final pretender deixar no ar uma certa dúvida. Ou seja: uma vez que compreendemos que o que estamos a ler é um pesadelo, estamos em território conhecido (a menos que nunca se tenha tido um sonho destes, o que é pouco provável) e já estamos à espera do que vem a seguir, mantendo-se apenas em dúvida como decidirá o escritor sair do sonho que relata. E o modo como Régio sai não me parece grande espingarda.
Sim, o conto está bem escrito. Por esse lado não há queixas. Mas não me chegou.
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