A Romãzeira do Macaco, mais uma historinha popular, continua sem sair do domínio da lengalenga. Um macaco, ao comer romãs empoleirado numa oliveira, deixa cair um grão de romã, que germina. E o macaco, que prefere romãs a azeitonas, vai pedir ao dono da oliveira para arrancar a árvore a fim de que a romãzeira tenha possibilidade de crescer, o que o dono recusa. Mas o macaco não se fica, e vai pedindo a um e a outro bicho, personagem ou força da natureza um novo favor para pressionar o anterior a responder-lhe favoravelmente. Todos recusam até que chega a um que aceita, a morte. E desse ponto em diante, volta tudo para trás e todos os que lhe tinham antes negado os favores agora foram-nos concedendo.
Se as histórias populares são um espelho das culturas que as geram e perpetuam, o que esta indica sobre a nossa é muito pouco agradável. Porquê? Ora, porque o que há por aí de macacos à procura de favorzinhos não tem descrição. E o que há de bicharada sem coluna vertebral, que a qualquer pressãozinha verga e logo desdiz o que pouco antes dissera, menos ainda.
Algumas destas histórias são divertidas. Esta, no entanto, é sobretudo deprimente.
Contos anteriores deste livro:
Sem comentários:
Enviar um comentário
Por motivos de spam persistente, todos os comentários neste blogue são moderados. Comentários legítimos passam, mas pode demorar algum tempo. Como sempre acontece, paga a maioria por uma minoria de abusadores. Parece ser assim que o mundo funciona, infelizmente.