OK, deste lembrava-me.
Não me lembrava dos pormenores, dos detalhes de enredo, mas sim, lembrava-me de o ter lido e do clima geral desta breve história de Andrew L. Wilson. E também me lembrava de ter gostado, o que foi coisa rara no período que antecedeu o meu piripacozinho. Refiro-me a lembrar-me do que lia e também a gostar do que lia.
Ariel Sharon foi um criminoso de guerra israelita que finalmente deixou o mundo um pouco melhor ao morrer em 2014. Na altura em que este conto presumivelmente terá sido escrito (a revista data de 2004; imagino que a criação literária tenha acontecido nesse ano ou no anterior), Sharon era primeiro-ministro de Israel, e o conto é claramente motivado pela fúria por um monstro daqueles estar naquela posição. Mas apesar disso, não é um conto furioso. É uma história de denúncia branda, servindo-se das técnicas do realismo mágico, da fantasia e de alguma metaliteratura para mostrar Sharon tal como era.Não me lembrava dos pormenores, dos detalhes de enredo, mas sim, lembrava-me de o ter lido e do clima geral desta breve história de Andrew L. Wilson. E também me lembrava de ter gostado, o que foi coisa rara no período que antecedeu o meu piripacozinho. Refiro-me a lembrar-me do que lia e também a gostar do que lia.
Ariel Sharon's Dream só é sonho na medida em que talvez fosse o sonho de Wilson: ver Sharon morto. Não só vê-lo morto, mas reencarnado na pessoa de uma das suas vítimas, um palestiniano, órfão ao nascer em consequência direta da ocupação israelita da Palestina, da opressão israelita na Palestina, que acaba assassinado, aos dez anos de idade, por uma bala disparada por soldados israelitas na Palestina. Um algoz a viver a breve vida de uma das suas vítimas.
Sim, gostei mesmo deste conto. Quando o li, e agora, ao relê-lo.
E agora ao relê-lo não consegui evitar interrogar-me sobre o que sentirá Andrew Wilson, se ainda andar por aí, ao ver que hoje, vinte anos depois, alguém ainda pior que Sharon dirige um genocídio ainda mais mortífero na mesma terra amaldiçoada por decisões tomadas há muitas décadas em salas aquecidas a milhares de quilómetros de distância.
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