Hoje não se fala de mais nada aqui pelo sul. A pergunta "Sentiste?", que geralmente está reservada para ocasiões mais íntimas e para tons de voz mais suaves, é deixada cair em todas as conversas com um brilho de excitação a bailar nos olhos, e dela nascem gargalhadas e confissões de medos e de actos despassarados. Outros revelam-se dorminhocos, e declaram com uma certa pena não ter sentido nada, sentindo-se talvez defraudados, roubados de uma das experiências mais intimidantes que a Terra destina às suas criaturas.
Pois eu, meus amigos, senti. Acordei com a cama a tremer e a persiana a sacolejar ruidosamente no seu encaixe. Abri um olho, vi as horas, pensei sonolento "Olha, um tremor de terra", virei-me para o outro lado, afundei a cara na almofada e continuei a dormir.
Quando não é preciso fazer nada, não fale a pena sequer pensar em fazer alguma coisa...
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