quinta-feira, 7 de julho de 2011

Lido: Jogar Para Reviver o Passado

Jogar Para Reviver o Passado (bib.) é uma noveleta de ficção científica pós-apocalíptica de Philip K. Dick que só consegui engolir encarando-a como sátira. Passa-se na zona de São Francisco, depois de um holocausto nuclear que devastou o planeta. Pequenos grupos de sobreviventes albergam-se em abrigos espalhados por toda a zona e sobrevivem graças a entregas periódicas de géneros provenientes de fonte desconhecida. Mas ao passo que os jovens encaram a sua vida com normalidade e se mantêm mentalmente sãos, os adultos estão de tal forma alienados que só pensam num jogo de role-playing que simula a vida tal como era antes da devastação. Passam todo o seu tempo ou a construir os cenários a partir de materiais que recolhem no exterior, ou a jogar, mergulhados em mesquinhas rivalidades intra e interabrigos. É uma dessas competições que move a história, uma competição de alto nível, entre um abrigo e outro, na qual está em jogo o prémio máximo: a boneca que é usada como personagem principal no jogo.

Julgo perceber a intenção por trás desta história, mas acho tão estúpida e inverosímil a ideia de abrigos inteiros de sobreviventes, em situação precária, furiosa e unicamente dedicados a um jogo, que não consegui entrar na história até começar a olhá-la como sátira, naturalmente exageradíssima, à futilidade e superficialidade da burguesia suburbana. A partir daí li a noveleta com um certo gozo, apesar de não deixar de a achar um dos piores textos do livro em que se insere.

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