O Suplente (bib.) é mais um bizarro conto de ficção científica de Philip K. Dick, centrado num homem, funcionário público, que é destacado pelo sindicato para ocupar a posição de suplente do Presidente dos Estados Unidos, para seu grande desagrado. É que o posto de presidente é ocupado por um computador, que toma todas as decisões, e o suplente só existe por um anacronismo que dita a sua necessidade para o caso do computador se avariar, coisa que ninguém acredita que aconteça. Mas eis que aparecem uns extraterrestres hostis a entrar sistema solar adentro, e conseguem mesmo avariar o computador, de modo que o nosso banalíssimo amigo se vê catapultado de repente para o posto de presidente. E ganha-lhe o gosto.
Trata-se duma sátira, claro. Olhando este conto como FC séria, é impossível não começar a torcer o nariz aos muitos buracos que o enredo contém, mas a ideia é, de forma bastante evidente, troçar do sistema político-mediático (há até um "palhaço das notícias". Literal. O pivô que dá as notícias é mesmo um palhaço) do tempo que em pouco, aliás, difere do atual. Mas há nele também um lado sério, como aliás é comum acontecer com as sátiras. Porque os homens banais, medíocres e ridículos que servem de personagens ao conto assim que se apanham com um bocadinho de poder nas mãos imediatamente lhe ganham o gosto e é com enorme renitência que o largam. Soa a algo que vos seja familiar? Pois.
Em suma: não gostei muito do conto, devo dizê-lo. Mas não deixo de lhe reconhecer algum interesse.
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