domingo, 14 de setembro de 2003

Até que enfim, morreu o Teller

Preparando-me para regressar à superfície depois de uns dias de hibernação internética quase total resolvi dar uma voltinha pelos blogs que visito habitualmente para ver o que se diz da morte de Edward Teller, aos 95 anos.

Nada. Rigorosa népia.

É pena. Teller foi um daqueles cientistas que não têm a mínima consideração pelos aspectos morais da sua pesquisa, e além disso foi um pulha cobarde, mantendo-se toda a vida agarrado como uma lapa ao complexo militar-industrial americano, sem ter nunca o mais pequeno pejo em apunhalar pelas costas colegas e mentores, como por exemplo Oppenheimer (este sim, um cientista com dimensão humana suficiente para, após ter feito muitas das descobertas fundamentais para ser possível criar uma bomba atómica funcional, ter passado a denunciar a ideia da guerra nuclear assim que a II Guerra Mundial acabou e desapareceu o perigo de serem os nazis a desenvolver a bomba).

Teller, ao ser responsável directo por todos os mortos de Hiroshima e Nagasaki, e por todos os que poderão ainda surgir a partir das armas que desenvolveu e defendeu toda a vida, transformou-se num dos grandes monstros que a Humanidade criou no século XX. A sua morte, que pecou por muito tardia, deveria ter causado um suspiro de alívio colectivo.

Em vez disso, o silêncio.

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