Os Crimes da Rue Morgue (bib.) é outra das histórias seminais de Edgar Allan Poe, que estabeleceu uma série de convenções para a literatura policial do mais de século e meio que se passou desde a sua publicação e criando um subgénero, o mistério policial do quarto fechado. O protagonista desta noveleta, Dupin, é o primeiro detetive do género, e a sua atitude dedutiva e capacidades de análise vieram a ser replicadas mais tarde em personagens mais famosas, como Sherlock Holmes, Hercule Poirot ou Maigret. A história é, portanto, um clássico absoluto, e além de fazer todas estas coisas altamente relevantes que já ficaram expressas para trás conta a história de dois misteriosos e violentíssimos assassínios, aparentemente inexplicáveis por terem tido lugar num apartamento onde teria sido impossível entrar e de onde mais impossível ainda teria sido sair, pois tudo se encontrava devidamente trancado. Embora o fulcro da história esteja indubitavelmente na cadeia dedutiva que leva ao desvendar do mistério, o que a coloca bem no âmago do género policial, está também presente, julgo eu, um certo elemento de horror, pelo macabro da cena do crime e pela extrema selvajaria que esta parece revelar. Os géneros não são estanques, felizmente, e a maior parte das obras, ainda que pertencendo principalmente a um deles, estendem-se, parcial ou totalmente, casual ou deliberadamente, também por outros. É o caso.
É pelo menos essa a minha maneira de ver as coisas.
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