segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Lido: Vénus
Vénus (bib.) é um conto de Maurice Baring que cruza algum horror com a proto-ficção científica do seu tempo. O protagonista é um tal John Fletcher que um belo dia, ao atender uma chamada telefónica ao mesmo tempo que olha um anúncio a um "Sabonete Vénus", se vê arrancado à sua envolvente e ao seu corpo e levado para outro lugar. Uma boa parte do conto consiste na descrição desse lugar e do que o protagonista faz quando lá chega. O lugar, claro, é Vénus, o planeta. Mas um Vénus tal como se imaginava em 1909, sem nada a ver com o mundo que a ciência foi desvendando ao longo dos últimos cem anos. Um Vénus vivo, embora estranho. Uma réplica da Terra, embora distorcida. A partir dessa primeira viagem, o protagonista vê-se dividido entre o lá e o cá, mas cada vez mais lá e menos cá. A viagem é explicada misticamente, através do conceito de projeção astral, mas o conto tem, na descrição de uma paisagem alienígena, muito da ficção científica que viríamos a encontrar mais tarde, em especial no subgénero chamado "romance planetário". Para mim, é um conto bastante interessante principalmente por causa disso. Mas também está bem escrito, claro e, embora não o ache inteiramente bem conseguido no que toca à estrutura, também não é propriamente insatisfatório a esse nível. Para os padrões da FC atual é um disparate, claro, mas as coisas têm a sua época própria.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Por motivos de spam persistente, todos os comentários neste blogue são moderados. Comentários legítimos passam, mas pode demorar algum tempo. Como sempre acontece, paga a maioria por uma minoria de abusadores. Parece ser assim que o mundo funciona, infelizmente.