A Estranha Morte do Professor Antena (bib.) é uma noveleta de Mário de Sá-Carneiro que até se poderia enquadrar numa certa proto-FC, visto que pega em vários dos mecanismos da ficção científica do início do século XX (principalmente o cientista louco, ou pelo menos incompreendido), embora os use de uma forma muito própria. O que afasta este conto da proto-FC da época é o seu ênfase na descrição dos meandros filosófico-esotéricos, da mundovisão repleta de transmigrações e planos de existência, que terá estado na base da morte do Professor Antena, em detrimento da história propriamente dita dessa morte, ou das investigações que a ela terão levado. E em parte por isso, achei este conto bastante aborrecido, apesar da sua inegável qualidade literária. É com contos como este que eu melhor reparo que as minhas preferências caem mesmo para o lado do "mostrar em vez de contar", embora seja nisso bem menos radical do que outros leitores de género. Também terá contribuído para o aborrecimento o facto de todo aquele modo esotérico de olhar o mundo colidir fortemente com a minha própria mundovisão. Quando os contos são tão descritivos como este, não ajuda nada à experiência de leitura que o leitor a passe quase toda a achar as ideias disparatadas.
Tenho a certeza de que leitores mais dados a hermetismos e a deambulações filosóficas se deliciarão ao ler esta história, até porque ela é boa, literariamente falando. Mas eu não gostei. Fiquei curioso com o resto da obra em prosa de Mário de Sá-Carneiro, que ainda não li (mas hei de ler, talvez em breve; há cá por casa um livro que a tem toda), mas deste conto em concreto não gostei.
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