Cemitério Russo (bib.) é um conto curto de ficção científica, de Henry Alfred Bugalho, que comprova que a ideia não basta para escrever FC. É que a ideia não é má, apesar de não ser propriamente original. Uma doença de contágio rápido, cura desconhecida e quase cem porcento mortal, espalha-se pelo mundo, pondo fim à nossa civilização. Mas está executada de uma forma tão pouco inspirada que o conto acaba por ficar muito, muito fraco. O português, básico, não ajuda, mas o que realmente estraga tudo é a estrutura. Começa com um longo e muito aborrecido infodump em que é descrita a progressão da doença. Depois, já a meio do conto, é-nos finalmente apresentado o protagonista, um jovem moscovita que tenta escapar ao contágio. Depressa demais, surge o ponto alto da história, antes de chegarmos a uma terceira parte, séculos mais tarde, no princípio da qual somos informados de que estamos a assistir a escavações arqueológicas. E é nesse momento que o desfecho se torna absolutamente previsível.
Não há ideia, não há história, que resista a ser tão mal contada.
Antes de tudo, Jorge, obrigado pela leitura.
ResponderEliminarSuponho, pela ordem das resenhas, que você esteja lendo a SAMIZDAT Especial de FC.
Boa parte do material desta edição havia sido escrita durante uma oficina literária e muitos dos autores tinham nenhuma experiência prévia em FC, excetuando a Ana Cristina, o Mallmann e o Fábio Fernandes, que são figurinhas relativamente conhecidas do cenário de FC brasileiro.
Este conto em particular, "Cemitério Russo", foi um dos ganhadores de um concurso de FC (possivelmente o mais importante do gênero atualmente no Brasil) promovido pela Tarja Editorial e foi publicado em antologia em 2009. Pela sua conclusão, devo imaginar que a situação da FC anda preta no Brasil, ou que o critério de boa ou má narrativa seja bastante subjetivo.
Mesmo assim, convido-o a ler algumas das outras edições da SAMIZDAT (http://samizdat.oficinaeditora.com) e, quem sabe, havendo interesse, enviar-nos alguma obra sua para incluirmos em edições futuras.
Abraços e sucesso.