sexta-feira, 6 de maio de 2011
Lido: O Sangue, o Mar
O Sangue, o Mar (bib.) é mais um conto de Italo Calvino, protagonizado pelo seu extraterrestre Qfwfq. É um conto mais poético e menos irónico do que outros contos cosmicómicos que, partindo do velho conceito biológico sobre os animais terrestres terem encerrado nos seus sistemas circulatórios um bocadinho do mar primordial, filosofa, numa prosa poética que por vezes soa a exercício de estilo, sobre isso, o sangue e o mar, sobre o dentro e o fora, sobre as fronteiras criadas pela vida para se manter vivas, regressando aos tempos primordiais em que essa transformação do fora em dentro se processou, tudo isto enquanto vai decorrendo uma viagem de carro na qual Qfwfq e Zylphia, a sua amante de momento, são passageiros. Para o meu gosto pessoal, encontrei no conto demasiado malabarismo com as palavras, demasiadas formas diferentes, mas semelhantes, de expressar um conceito simples. Bem sei que é precisamente esse o objetivo, e acho mesmo que está plenamente conseguido, mas não me agradou lá muito. Quem se delicia com o puro fluxo do texto, com a qualidade da escrita em si mesma, ao ponto de achar tudo o resto pouco importante por comparação, certamente gostará deste conto. Os outros, tenho dúvidas. Eu não desgostei, mas também não gostei lá muito.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Por motivos de spam persistente, todos os comentários neste blogue são moderados. Comentários legítimos passam, mas pode demorar algum tempo. Como sempre acontece, paga a maioria por uma minoria de abusadores. Parece ser assim que o mundo funciona, infelizmente.