Hoje, folheando revistas velhas antes de as deitar fora, à procura de algum motivo para as guardar durante algum tempo, deparei com uma crónica do Agualusa onde ele fala sobre o João Afonso. Encontrei o Agualusa uma vez. Ele estava atrás de uma mesa, eu no público da apresentação de um dos seus livros. Perguntei-lhe já não me lembro o quê, ele respondeu-me já não me lembro o quê, repetindo fielmente a rotina daquele tipo de eventos. O curioso é que também encontrei o João Afonso uma vez, em casa do irmão dele, o Pedro. Nessa época, eu e o Pedro (e o outro Pedro, primo de ambos) éramos colegas de turma na Universidade do Algarve e juntávamo-nos regularmente com um punhado de outros colegas para fazer trabalhos ou estudar para testes e exames. Ou para ir para os copos. Um desses dias, lá estava o João, já enrolado sobre a viola mas ainda antes de gravar o primeiro disco, ainda ninguém sabia quem ele era.
É por estas coisas que nós até podemos ser dez milhões, mas não parece. Toda a gente conhece alguém que conhece alguém que conhece alguém. Daí, se calhar, esta claustrofobia, este sentimento de pequenez e irrelevância, esta sensação de vivermos numa grande aldeia sem futuro.
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