Quem tenha ainda dúvidas sobre a quantidade de imbecis que escreve nos jornais e nos blogues em Portugal, reflicta um pouco sobre o seguinte:
Quando os Estados Unidos invadiram o Iraque, não faltou quem previsse detalhadamente o que iria acontecer. Uns previram que as tropas americanas iriam ser recebidas de braços abertos por um povo ansioso por liberdade e farto de um ditador sanguinolento. Para estes, a vitória seria rápida e com poucas vítimas, as tais armas de destruição maciça seriam encontradas de imediato e os iraquianos iriam eleger um amigo da América para presidente em eleições livres e democráticas ao som do pipilar de passarinhos. Outros previram que se iria destapar mais ainda um barril de pólvora que já estava bem aberto, e lançar um fósforo a arder lá para dentro. Estes previram o reacender do secular conflito entre xiitas, sunitas e curdos, um potencial bem real de guerra civil, uma passagem de uma guerra convencional para uma guerra de guerrilha assim que ficasse clara a superioridade tecnológica americana, o investimento de outros países da região, que sentem que estão sob a mira, na instabilidade iraquiana, seguindo a lógica óbvia de que enquanto os americanos estão atolados ali não vêm para aqui, o aproveitamento do caos que a guerra inevitavelmente provoca e do desespero de quem tudo perdeu pelos extremismos ligados ao terrorismo internacional para uma implantação sólida e provavelmente definitiva no território, de onde tinham estado ausentes, pelo menos de forma significativa, enfim, um gigantesco atoleiro.
Nessa altura até se podia ter umas ideias claras sobre o grau de inteligência e pés assentes na realidade que revelava uma e outra posição, mas convinha guardá-las. A verdade é que não se sabia. Tudo, em teoria, podia acontecer, e por isso todas as posições e previsões eram legítimas, ainda que algumas pudessem parecer muito, muito estúpidas. E, de resto, o futuro revelaria quem tinha razão.
Como se sabe, revelou. Milhares de mortos mais tarde.
Agora, temos as mesmas pessoas a fazer previsões. Mas agora, meus caros, já devíamos saber bem o que valem as previsões de certa gente. Especialmente daqueles que não aprenderam nada com o Iraque. Dos que viram todas as suas previsões arrasadas pela realidade e continuam a falar dos agressores anti-islâmicos ao som do chilrear de passarinhos. Dos que ainda não perceberam que não há agressão militar que não sirva fundamentalmente para fortalecer as organizações terroristas, para atrair para elas mais desesperados dispostos a tudo, para acicatar o ódio de quem vê o seu país a ser sistematicamente destruído contra os agressores e quem os suporta. Para eternizar conflitos e atrasar soluções. Para colocar fanáticos em posições de poder. Para o eternizar da chacina.
Quem ainda não percebeu isto, contra toda a evidência, só pode ser uma coisa: imbecil. Completa e, segundo todos os sinais, irremediavelmente imbecil. Da Helena Matos ao Luciano Amaral. Do Eduardo Pitta ao Zé da Tasca que defende o genocídio ("eles deviam era matá-los a todos") entre dois arrotos de cerveja.
E igualmente imbecil é quem lhes dá ouvidos.
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