domingo, 30 de julho de 2006

Os judeus e Israel

As bestas quadradas que berram "anti-semita" assim que alguém critica Israel, com maior ou menor violência, além de vergonha na cara, precisam também de ler e ver o que dizem e fazem alguns judeus a propósito do genocídio que Israel desencadeou no Líbano. Hoje, por exemplo, houve judeus (e, note-se, judeus religiosos mais ou menos fundamentalistas, daqueles que usam barba, trancinha e se vestem de preto) que se manifestaram contra a barbárie de Israel.

Fizeram eles muitíssimo bem. É bom mostrar a quem não percebe ou não quer perceber que uma coisa são judeus e outra são israelitas, e que uma coisa são israelitas e outra é a organização terrorista eufemisticamente conhecida como "estado de Israel".

É, até, uma forma de auto-defesa. Porque se o mundo algum dia chegar à conclusão de que todos os judeus apoiam ou justificam coisas destas, de que os judeus, todos eles, acham, no fundo, que Israel é inimputável, que por mais crimes que cometa tem direito a cometê-los e que, no fundo, esses crimes não são crimes, que todos os assassínios de mulheres e crianças são justificáveis e sempre culpa de outros, sejam quem forem, se algum dia o mundo se convencer disto, então sim, ser judeu neste planeta passará a ser muito mais difícil do que alguma vez foi na história.

Não é preciso dizer a judeu nenhum o que quem partilha essa religião sofreu ao longo dos séculos e nos mais diversos países. Mas se algum dia o mundo se convencer de que, afinal, gente como o Ahmadinejad nem é totalmente alucinada, que os Ahmadinejads que por aí há, afinal, nem são loucos tão perigosos assim, que se calhar até têm alguma razão naquilo que dizem, julgo que o sofrimento anterior parecerá uma brincadeira de crianças.

Aqueles homens judeus que se manifestaram hoje contra as atrocidades israelitas fizeram mais pela sobrevivência da religião, do povo e até do estado do que todos os imbecis que por aí há a dizer-se amigos de Israel e a acusar todos os outros de anti-semitismo, tentando com isso esconder a sua costelazinha neonazi, aquela que se delicia com os massacres, aquela que está convicta de que os árabes, esse outro povo semita, são os untermensch do nosso tempo e que merecem todas as mortes atrozes que lhes caiam em cima.

A infelicidade é que enquanto não houver ninguém a parar Israel, a julgar os assassinos que o dirigem por crimes contra a humanidade, enquanto a contestação se ficar por manifestações, o que fica na memória são as cidades arrasadas e os corpos de crianças assassinadas embrulhados em plástico. Não há manifestação de judeus decentes que chegue sequer perto da força destas imagens.

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