sábado, 28 de fevereiro de 2009

Semana

O tempo passa depressa quando um tipo anda ocupado. Liga-se a televisão, vê-se que está a dar o top+, e percebe-se com um misto de espanto e choque que já se está outra vez no sábado. Depois olha-se para trás, tenta-se perceber o que a semana trouxe de novo à vida e ao que dela se derrama para o mundo. E percebe-se.

Pois desta vez foram mais 50 páginas do "livrito" do Martin, que fizeram baixar o número das que faltam para 181. Já passou de meio e ainda nem o pequeno Fevereiro chegou ao fim.

Foi também um belo avanço no wiki, que se contabilizou em 190 páginas novas que fizeram subir o total para 15794. Muito material brasileiro, ou pelo menos editado no Brasil, muita Intempol. Não que os bibliowikianos brasileiros se tenham mexido muito, há que dizer.

E foi ainda uma série de leituras.

Fechei, com uns artigos de que não vale a pena falar, a leitura do número 611 da Fantasy & Science Fiction, que inclui um conto absolutamente magnífico e dois ou três muito bons. Mesmo contando com aqueles que não me agradaram muito, foi uma óptima leitura que valeu bem a pena. Bastaria The Sleeping Woman para fazer com que a leitura desta revista valesse bem a pena.

Não Havendo Notícias não há Novidade é uma noveleta de Pierre Christin, de uma ficção científica algo space-operática, sobre um jornalista que descobre uma cacha capaz de abalar os alicerces do império galáctico. Trata-se de uma bela parábola sobre o colonialismo e o poder da informação e da imprensa, que tem ainda o bónus de jogar bem com a evolução tecnológica: na sociedade contemporânea ao jornalista, as notícias são transmitidas de uns mundos para os outros instantaneamente, mas a cacha que o jornalista descobre tem origem em acontecimentos antigos, que tinham sido transmitidos séculos antes por via electromagnética, ou seja, à velocidade da luz. Bastante bom.

A Cidade é uma crónica/conto alegórica de José Saramago, que se socorre de um ambiente fantástico para falar de si próprio e do seu processo de auto-conhecimento. Um bocado meh, há que dizê-lo.

Verão Foguete é um pequeníssimo conto de Ray Bradbury sobre os efeitos meteorológicos que uma pequena cidade sofre quando se dá o lançamento de foguetes das imediações. E sim, é ficção científica: foi escrito oito anos antes do Sputnik. Nada de superlativo, e algo atropelado pela realidade, este conto vale mais pelo efeito que tem no livro que abre do que por si próprio.

Amizade é um conto mainstream de S. Y. Agnon de que francamente não gostei. Mesmo. Um homem irascível começa por se irritar com Fulano e Beltrano, para depois se perder na cidade onde mora, sem conseguir lembrar-se da rua em que mora, e acabar por encontrar a casa nos olhos de um rapaz. Mesmo descontando o cheirinho algo fétido a pedofilia gay, fecha-se o conto a pensar "hm... e daí?" Um belo bah.

My Night With Aphrodite é um divertido poema de Tim Pratt, sobre um one-night stand com a deusa Afrodite, após o qual a deusa se revela a mais típica das mulheres, torcendo o nariz a todas as insignificâncias e acabando, evidentemente, na rua. Gostei! Sou um malandro, mea culpa.

O Grande Roubo é outro conto mainstream, este de Ray Bradbury, um conto ternurento sobre um roubo de um maço de misteriosas cartas de amor que uma velhota guardava há décadas, e que vai desembocar na concretização de um velho amor impossível. Muito bem escrito e executado, apesar do tema não ser propriamente aquele que mais me desperta o interesse (e na verdade já li outros contos semelhantes). Mas é bom.

E foi isto. Para a semana, que provavelmente chegará sem que eu dê por isso, haverá mais.

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