Talvez valha a pena republicar o que já escrevi sobre o assunto em 2006, aqui, na sequência de uma sondagem feita pela equipa do Pedro Magalhães. A mim não perguntaram nada, mas eu resolvi responder na mesma às perguntas que eles não me fizeram. E a pergunta sobre isto foi:
P: Acha que duas pessoas do mesmo sexo devem poder...Ao que eu respondi:
R: Casar. Do mesmo modo que não me meto no que fazem as instituições privadas, muito menos penso que tenho o direito de meter-me no que fazem indivíduos adultos e conscientes das suas acções. Se é casar que querem, pois que casem e sejam felizes. Também acho, já agora, que se preferirem "formar uniões com os mesmos direitos legais de um casamento" ou "formar uniões só com alguns dos direitos legais de um casamento", ou nenhuma das anteriores, também deviam poder fazê-lo.Poderia ter escrito isto hoje. A minha posição sobre o assunto não mudou um milímetro. Já agora, há uma segunda pergunta implícita na discussão actual, e a sondagem de 2006 também interrogou as pessoas sobre ela:
P: Acha que pessoas homossexuais devem poder adoptar crianças?Eu respondi que:
R: Estou nos 8% que não sabem. Acho que aqui as crianças se sobrepõem aos direitos individuais dos adultos. Não fosse isso, responderia claramente que sim. Mas não sei que efeitos tem sobre as crianças serem educadas por casais homossexuais, se é que tem alguns. Precisava de saber mais para responder a esta.Pois aqui, hoje, já responderia de forma diferente. Continuo a achar que as crianças se sobrepõem aos direitos individuais dos adultos. Continuo a achar que é provável que na sociedade em que vivemos as crianças tenham a vida facilitada se integrarem uma família com pai e mãe, o que me leva a achar que, provavelmente, em igualdade de circunstâncias, talvez seja preferível que a criança seja adoptada por uma família dessas. Mas o que acontece é que a alternativa a ser-se adoptado é viver em instituições, que são coisas impessoais, por vezes com pessoal muito mal preparado até para lidar com os miúdos, quanto mais para lhes dar os afectos e estabilidade de que precisam. Os adoptantes, por outro lado, têm a sua vida e personalidade rigorosamente escrutinada durante longos meses antes de poderem adoptar. Não são pessoas quaisquer; são pessoas preparadas para o desafio que qualquer adopção (qualquer filho, aliás) representa. E isto leva-me agora a apoiar sem reservas a adopção por casais homossexuais. Precisamente porque aquilo que mais interessa é o superior interesse da criança.
Inteiramente de acordo. As crianças têm de se sentir amadas e ser educadas. Mais nada.
ResponderEliminarMesmo que a alternativa não fosse essa, penso que se deveria continuar a não negar os direitos de adopção por casais homossexuais. Isto porque, apesar de ser verdade que, na sociedade actual, é mais difícil para uma criança ter pais/mães homossexuais, não quer dizer que sempre o será. Para promover o progresso, os casais homossexuais deverão ter o direito de adoptar. Além disso, eu distingo duas componentes na reprodução. Uma é a transmissão dos genes e outra a transmissão de valores de uma geração para outra. Apesar de a primeira componente não ser possível nos casais homossexuais (ou pelo menos não é possível uma combinação dos genes dos dois elementos do casal), a segunda é. Assim, num certo sentido, estamos a negar a reprodução aos homossexuais, e ainda mais importante, estamos a fazer entender que os seus valores não merecem ser transmitidos, não merecem ser mantidos na sociedade.
ResponderEliminarÉ uma opinião, mas a minha, embora acabe a desembocar no mesmo sítio, é diferente. Não me parece que usar crianças para promover os direitos individuais de adultos, por mais respeitáveis que eles sejam, seja boa coisa. Para mim, os direitos e interesses das crianças sobrepõem-se a tudo. Sempre. Se esses direitos e interesses fossem melhor defendidos com a discriminação, não teria dúvidas em defender a discriminação.
ResponderEliminarMas acontece que não são. São melhor defendidos dando aos homossexuais exatamente os mesmos direitos que se dão aos heterossexuais. Nem mais, nem menos.