Primos de Além-Mar (bibliografia) é um conto de história alternativa de Gerson Lodi-Ribeiro, que decorre numa linha temporal em que um Portugal monárquico entra pelo século XX dentro, para acabar invadido por tropas franquistas na sequência da Guerra Civil Espanhola (ou seja: na II Guerra Mundial). E o rei, fiel à tradição, exila-se no Brasil, país que também ainda se mantém sob o governo dos Braganças, embora independente. É aí que a história vai encontrar o rei português exilado, numa caçada em que resolve escapar-se à escolta na companhia do primo, o príncipe brasileiro. Mas as coisas correm mal e o rei tem um acidente, acabando sozinho no mato, sujeito a todos os perigos que se podem encontrar em caçadas numa floresta cerrada, desde animais selvagens e predatórios a outros homens. Armados.
O conto contrasta com alguns dos anteriores por ser claramente conto de quem sabe o que está a fazer: Ribeiro sustém o interesse do leitor pondo o seu protagonista em perigo e mantendo até final a incerteza sobre o que lhe irá acontecer. Ao mesmo tempo vai intercalando o presente incerto com recuos a vários pontos do passado, usados para transmitir informação sobre a linha histórica alternativa e o que está em causa, aquilo que depende da sobrevivência daquele homem.
Apesar disso, Ribeiro tem textos bastante melhores do que este. É que este termina de uma forma tão aberta, tão inconclusiva, que mais parece um primeiro capítulo de um romance do que propriamente um conto. Há finais abertos que, apesar de o serem, não deixam de ser também satisfatórios. Este não; chega-se ao fim e fica-se a pensar "então e o resto?" E o resto não existe. Ou seja: o conto não é mau, mas poderia ser melhor.
E, tendo em conta a produção literária do autor nos últimos tempos, é bem possível que venha a ser um dia.
Contos anteriores deste livro:
Obrigado pela crítica.
ResponderEliminarSim, tem razão. Já ouvi falar antes que esse conto deixa o leitor com vontade de saber mais sobre como essa linha histórica alternativa se desenrola em direção ao presente.
Infelizmente, não havia espaço para um desenvolvimento maior.
Aliás, é por isto que costumo defender que o tamanho mínimo ideal para a H.A. não é o conto, mas sim a noveleta.
Pois é, Gerson. Mas, tendo em conta o que tens publicado nos últimos tempos, não me admirava nada se visse aí aparecer por um destes dias uma expansão do "primos," algures.
EliminarJá estou com essa ideia da expansão em mente há algum tempo. Vamos ver se consigo umas horas (ou dias) para explorá-la melhor.
ResponderEliminarA-ha! Eu sabia! :)
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