Mais uns quantos artigos lidos e comentados. Hoje voltam a ser vinte e há de tudo, do excelente ao muito preocupante.
31. Fazer da Diversidade Força, Outra Vez - Um artigo sobre o sistema de liderança do Bloco e a perceção pública dessa liderança. Tenho algumas discordâncias pontuais com ele, mas estou plenamente de acordo quer no essencial, quer com a solução proposta: uma liderança coletiva com vários porta-vozes. Por vezes tenta-se passar a ideia de que há dois modelos em compita nesta convenção: um líder, homem, ou dois líderes, homem e mulher. Mas não há: há três. O terceiro é o da coordenação coletiva, defendido por duas das cinco moções. (Moção R)
32. Ousar Fazer Escolhas - Um artigo que faz um breve elogio da moção U e um longo ataque à moção E. Embora esteja de acordo com a vasta maioria das críticas que nele se faz à E, especialmente no que toca à política de alianças, não deixo de notar o contraste entre este artigo e a esmagadora maioria dos anteriores. Este é um artigo de subgrupo; os que ficaram para trás são, quase todos, artigos de proposta, de ideias e de política. E isso não deixa este nada bem na fotografia. (Moção U)
33. Por uma Agricultura Social e Ecologicamente Sustentável - Artigo em que se faz um balanço da posição do Bloco face às questões rurais. Pouco sei sobre o assunto, portanto não tenho opinião firme a não ser sobre dois ou três pontos que conheço melhor. E com esses concordo. (Moção U)
34. Uma Orientação Forte Para Unir o Bloco - Artigo dos coordenadores que basicamente defende as opções que nortearam a filosofia que desembocou na sua moção, contrastando-as com as da moção E, embora sem nunca a citar diretamente. Há muito neste artigo com que concordo, mas discordo por completo da anatemização apriorística do PS e penso que entre as boas intenções aqui expressas e o que tem sido a prática dos últimos anos há um contraste que não é possível ignorar. (Moção U)
35. Atrás do Pano - Artigo que faz um diagnóstico factual sobre o (mau) estado das questões de género após estes anos de governo de direita. Não há de que discordar: são factos. No entanto, a verdadeira intenção do artigo está na frase "por tudo isto, pôr um homem a liderar o Bloco de Esquerda, depois do caminho feito, é um grande passo atrás." Até pode ser que seja, mas parece-me fraco argumento para contrapor a anos de derrotas sucessivas causadas por estratégias erradas e/ou erráticas. Realmente grave é que o homem que se candidata a suceder aos dois coordenadores foi tão responsável como eles por essas estratégias erradas e/ou erráticas. Vamos mas é resolver isto com uma coordenação coletiva com paridade total, que tal? (Moção U)
36. Europa: Migrar de Dentro e Migrar de Fora - Um artigo muito bom sobre as contradições da União Europeia, escrito a partir de uma perspetiva europeísta crítica e de esquerda. Concordaria por inteiro se não estivesse cada vez mais convencido de que a União Europeia é um projeto já morto (e a cheirar cada vez pior), apenas à espera de ser enterrado. Mas se ainda há alguma esperança de ressuscitar o cadáver, só pode ser pelo caminho aqui delineado. (Moção R)
37. Não Podemos Trabalhar Sem as Nossas Vidas - Outro artigo excelente da mesma autora do anterior, desta feita sobre as questões ligadas à precariedade laboral e de vida e ao impacto que elas têm na vida nas nossas sociedades, propondo ideias novas que ultrapassam os velhíssimos chavões da esquerda ortodoxa sobre a luta de classes. Posso subscrever? Apetece-me mesmo. (Moção R)
38. Não Voltaremos Atrás - Mais um artigo de gente da moção U a atacar a moção E. E mais uma vez, eu concordo com muita coisa, mas. E o principal mas aqui é não parecer ter-se compreendido ainda que uma das principais causas do momento em que estamos é precisamente a velha forma de encontrar "consensos" através da distribuição de lugares e candidaturas pelas várias tendências, esquecendo que o crescimento do Bloco significou e continua a significar, apesar do recuo recente, que nele se juntaram muitas pessoas que não se reveem em nenhuma dessas tendências, e esquecendo também que esses equilíbrios sempre constituíram um entrave à expressão de opiniões desalinhadas. Ora, quem se sente bloqueado ou é teimoso ou sai. Que não se compreenda isto só pode querer dizer que a erosão interna irá continuar. E isso é grave. (Moção U)
39. Assimetrias Regionais Versus Níveis de Desenvolvimento - Um artigo sobre questões regionais. Acho. É que não o percebi. Tentei, juro que tentei, mas não consegui perceber o artigo. (sem moção)
40. Estratificação Social Versus Ordenamento Regional - Outro artigo do mesmo autor, que já percebi um pouco melhor mas continuou bastante obscuro. (sem moção)
41. Reforma do Estado, Democracia e Poder Regional - Ah. Os dois artigos anteriores eram preâmbulo para este, onde se faz alguma teorização sobre a regionalização no quadro da União Europeia e se propõe um modelo e mapa para se avançar de vez com o processo. Não concordo por inteiro, mas parece-me um documento válido para discussão. No entanto, creio que este resumo aqui presente foi particularmente mal sucedido: é que isto é uma versão condensada em três peças de algo que já foi publicado no esquerda.net no início do ano passado e o resultado ficou extremamente confuso. Se calhar mais vale ler-se esse artigo em vez destes três. (sem moção)
42. Contributo - Artigo em que se fazem algumas propostas de que eu discordo quase por completo por me parecerem simplistas, do voto obrigatório (não resolve nada, antes pelo contrário) à proporcionalidade direta para pôr fim à distorção entre votos e mandatos (não discordo por inteiro, mas a verdade é que não é o método de Hondt que causa a maior parte da distorção: é a divisão por círculos) passando por várias medidas no campo da justiça. (sem moção)
43. A Fábula do Governo Sem Condições - Artigo sobre os contactos propostos e efetuados pelo Bloco com o PS e o PCP na sequência da demissão do Irrevogável Portas, escrito pela delegação que neles participou, em que se desmente com toda a veemência a versão que Pedro Filipe Soares deles apresentou. Do que me lembro do que na altura transpirou para o exterior, dou mais credibilidade a esta versão do que à de Soares, mas como a verdade é que não sei qual é a versão certa, fico principalmente neutro. (Moção U)
44. Igualdade, Nada Menos - Bom artigo sobre imigração, xenofobia e assuntos conexos. Estou basicamente de acordo. (Moção U)
45. A Constituição Portuguesa de 1976: Memória Coletiva e Resistência Social - Um artigo bizarro sobre a atitude do Bloco (ou, mais precisamente, da moção U) para com a Constituição, no qual se lançam acusações de desvalorização da Constituição (ainda não vi ninguém desvalorizar a Constituição; vi muita gente, isso sim, desvalorizar a ideia de que a Constituição está em verdadeiro risco de ser subvertida. São coisas bem diferentes) e se sugere que há quem queira "fazer dela um programa de governo ou um instrumento capaz, por si só, de alterar" a relação de forças na sociedade (o que também nunca vi ninguém fazer; não é nada disso que se pretende dizer quando se fala em pôr a constituição no centro do debate político), o que parece constituir um ataque à moção E. Não gostei nada. (Moção R)
46. Ainda Falta o Q na Bandeira do Bloco - Artigo, muito crítico, sobre as relações entre o Bloco e as questões LGBT. Tendo a discordar por dois motivos: um é que se há partido que sempre se bateu pelo reconhecimento de direitos LGBT é o Bloco. O outro é não me parecer censurável que se opte pelo pragmatismo do possível para obter algum progresso sempre que uma análise das condições existentes mostre que o progresso todo é de momento impossível. E isso não é "política fácil". Pedir tudo sabendo de antemão que não se obterá nada é que é política fácil. E inútil. (Moção R)
47. Movimento Social: Esticar Cordas - Um artigo sobre as experiências recentes (e históricas) ligadas aos movimentos sociais e à relação entre estes e os partidos, em particular o BE. Tendo a concordar, ainda que me falte algum conhecimento de base sobre o que foi feito, como e por quem para ter uma opinião mais sólida. (Moção U)
48. Memó(ria) Sobre um Mandato - Outro artigo que pretende pôr pontos em is. Neste caso trata-se de uma dirigente que diz que votou contra todas as convergências possíveis no Bloco nos últimos tempos e que portanto defende um caminho sectário e isolacionista, dizendo que não é nem uma coisa nem a outra. Como por esta altura já deve ser óbvio, acho péssimo. E o pior é que penso que é precisamente aqui, não na abertura a convergências que algumas declarações apregoam ou na pluralidade que consta do nome da moção, que reside a verdadeira natureza da moção E. (Moção E)
49. À Procura da Unidade de Esquerda - Um artigo sobre a unidade de esquerda e o papel que o Bloco (não) teve nessa busca nos últimos tempos. À parte um pequeno parágrafo que se refere a uma reunião da Mesa Nacional que desconheço, estou basicamente de acordo com tudo. (Moção U)
50. Paciência Impaciente - Um artigo que analisa as cinco moções no que as aproxima e no que as divide. Tem, ao contrário de outros, a virtude de se preocupar mais com a construção de pontes (embora não com todos, infelizmente) do que com a sua destruição. Isso é bom. Concordo no essencial, mas há dois ou três pontos de que discordo. (Moção R)
Quem se interessa e gostou disto, tem também a primeira e a segunda parte para ler.
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