Para onde foi outubro? Ainda agora estava quase a começar e de repente já passou.
Pelo menos é o que parece quando se mede o tempo pelos posts na Lâmpada. Mas na realidade da vida não foi bem assim.
O mês foi passado a descansar, a trabalhar e a fazer política. A descansar porque terminei francamente cansado a tradução de mais um livro, a precisar urgentemente de férias. Fi-las, não daquelas férias das pessoas desocupadas mas umas férias à moda do Jorge, interrompendo por alguns dias as leituras e as escritas e tratando de outras coisas há muito pendentes. A trabalhar porque retomei o bibliowiki, que vinha passando por mais um período de negligência, e porque recebi a próxima tradução, um tijolão de um ror de páginas que houve que ler atentamente, tomando notas mentais sobre os seus desafios e dificuldades. Há um, em especial, que me vai dar água pela barba. Os autores, às vezes, são mesmo maus com os tradutores.
E a fazer política.
Porque tem mesmo de ser. Porque, como disse por outras palavras no texto francamente irritado em que há anos anunciei a decisão de aderir ao Bloco, deixar todas as decisões aos outros, sem participar nelas, é meio caminho andado para o resultado serem decisões más, que nos desagradam. Aderi demasiado tarde para participar ativamente na convenção de há dois anos: um recém-chegado, sem conhecer os meandros, a cultura e as leis internas por que se regem os partidos tem (infelizmente, diga-se) muito poucas oportunidades de participação nas decisões que estes tomam. Portanto limitei-me a assistir a alguns debates, a ler os materiais, a tomar uma decisão e a votar para eleger delegados à convenção. Mas agora, com três anos na bagagem, e vendo que pouco mudou para melhor e muito mudou para pior, apesar da esperança com que o resultado da última convenção me deixou, não pude adiar mais.
Portanto discuti, escrevi coisas, troquei opiniões, falei com gente. Escrevi um longo texto, que aqui está em 3.61 megabytes de PDF e tem esta capa vermelhusca e branca aqui em cima, no qual tentei explicar bem as ideias e opiniões que me parecem mais importantes neste momento sobre o que o BE é e deve ser no futuro próximo, e tomei partido. Para quem não sabe, estão neste momento em discussão 5 moções sobre o futuro do BE e eu decidi apoiar a moção B por ser aquela cujas ideias mais se aproximam das minhas. Apoiar e não só: desta vez sou candidato a delegado à convenção... a ver vamos se serei eleito. É muito possível que seja. Seria mais uma novidade.
(E não, malta, não é um tacho: é só uma viagem, um fim de semana ocupado e com pouco sono e, esperemos, a participação em algumas decisões decentes. Ao contrário do que reza o folclore, política não é só tachos.)
E li mais umas coisas, escrevi outras, troquei mais opiniões, falei com mais gente.
Parte do resultado, entre um artigo de opinião e algumas propostas de alteração aos estatutos, está publicado no boletim DeBatEs nº 2 (outro PDF), um documento impressionante com quase 160 páginas de letra miudinha, que contém 86 textos de opinião, individuais e coletivos, além dos textos das moções e das propostas de alteração de estatutos, e mostra um partido que, apesar de tudo, está bem vivo e cheio de gente com vontade de o ver prosperar e desenvolver-se. É uma das coisas que me dá esperança porque o BE continua a ser, com todos os seus defeitos, a única formação política que realmente nasceu e se desenvolveu com a pluralidade e união da esquerda no código genético.
E como precisamos de uma esquerda minimamente unida neste país!...
E como precisamos de esperança!
É que às vezes parece que isto é uma última oportunidade. Que não haverá mais. Que, se não arregaçarmos as mangas agora, não voltaremos a poder fazê-lo. E não, não me refiro apenas ao BE; refiro-me também, ou talvez principalmente, ao país.
Por isso, arregacei-as. Na medida do que sei e posso.
Cidadania. Parece que é esse o nome que isto tem.
PS - se fores algarvio e inscrito no BE não deixes de votar já no próximo dia 15. Na moção B, claro.
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