quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Lido: FC — O Melhor da Ficção Científica, nº 1

FC — O Melhor da Ficção Científica, nº 1 (bibliografia) é o primeiro número de uma das várias efémeras e grandemente infrutíferas tentativas de implantar em Portugal uma revista de ficção científica à semelhança da Asimov's ou do Magazine of Fantasy and Science Fiction. Sem data, contém dois contos, um conto curto e duas primeiras partes de romances, de longe os textos maiores, tudo datado originalmente, de 1967, o que faz supor que a edição portuguesa datará talvez de 1968 ou 1969. Que eu conheça, esta tentativa em concreto teve apenas dois números publicados, morrendo quase antes de nascer.

Vejo dois grandes problemas neste número 1, que provavelmente explicarão boa parte do falhanço.

Um é a péssima qualidade das traduções que, embora oscile, chega a ser em alguns textos desastrosa.

Outro é a revista se reclamar de "o melhor da ficção científica" mas depois apresentar nomes como B. K. Filer, completamente desconhecido e com muito bons motivos para isso, Keith Laumer, autor mediano nos seus melhores momentos, Terry Carr que, embora fosse excelente antologista, deixava muitíssimo a desejar enquanto escritor, A. Bertram Chandler, outro autor que também nunca ultrapassou a mediania e, finalmente, Vernor Vinge, o melhor dos cinco, mas que nesta época estava mesmo no início da carreira, muito longe do que viria a ser mais tarde.

Os textos são, em geral, maus. Dos contos completos quase nada se aproveita, seja por o material de origem ser fraco, seja porque a tradução consegue estragá-lo ainda mais. E quanto aos inícios de romances, o de Chandler é uma space opera à antiga (já em finais dos anos 60 era à antiga), um dos seus livros sobre as aventuras do soldado Grimes, completamente pulp, tão desinteressante ou tão interessante como será de esperar consoante o leitor goste ou não goste de pulp (e como eu não gosto...).

O texto mais interessante é o início do romance Homem do Espaço, de Keith Laumer, um romance planetário que de início parece ser uma espécie de Robinson Crusoe no espaço. Lê-se com certo agrado, apesar de ser necessário dar o desconto necessário aos ataques de machismo de que autor e herói (um tal Billy Danger... e com este nome já nem é preciso explicar que também esta história é pulp, não é verdade?) sofrem com irritante regularidade... mas depois acaba sem acabar. O leitor terá de ficar à espera do número seguinte da revista e este leitor que aqui vos escreve, como é óbvio, não o tem.

Ora, batatas.

Em suma: esta revista falhou porque, com tão pouca qualidade, nunca poderia não falhar.

Eis o que achei das histórias completas:
Esta revista foi, se bem me lembro, oferecida.

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