segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Lido: O Caçador de Étês

O Caçador de Étês é uma coletânea de José Alberto Braga que reúne, julgo eu, anos de produção humorística, entre crónicas, pequenos contos, caricaturas, listas da mais variada índole e até sketches inteiros. Braga é um jornalista português que se radicou no Brasil e aí permaneceu várias décadas antes de regressar ao país natal, colaborando numa série de publicações relevantes em ambos os países.

Neste livro, que tem prefácio de Raul Solnado e não se percebe lá muito bem onde começa mesmo, ou seja, onde das introduções e prolegómenos (tem vários e várias) se passa aos textos propriamente ditos, reúne um número elevado de obras, quase todas muito pequenas, noção que facilmente se obtém deitando uma olhadela à lista que se estende abaixo, multiplicando-a por dois, pois os textos corridos e as caricaturas estão praticamente intercaladas ao longo de todo o volume e eu das últimas não falei, e tendo em conta que o livro contém meras 165 páginas. Incluindo o índice.

Com tanta coisa misturada, é natural que haja diferenças, por vezes significativas, tanto na qualidade puramente literária, como no grau de graça ou até na inteligência do humor empregado. Não achei nenhuma destas coisas propriamente brilhante, mas houve várias de que gostei bastante... embora também tenha havido várias de que não gostei. Em geral, o humor de Braga baseia-se a meu ver demasiado em trocadilhos e há nele uma predisposição para deixar a ideia em bruto, sem lhe dar o desenvolvimento que ela por vezes pede. Há nas listas frases que dariam pequenos contos, há pequenos contos ou crónicas que os dariam grandes e por aí fora. Há, parece-me, muita palha. Mas também há algumas pedras mais ou menos preciosas lá no meio.

O título faz supor algum alinhamento com a ficção científica e com a literatura fantástica. Nisso, é um pouco enganador. Existe FC e fantástico nestas páginas, é certo, mas são escassos os textos que seguem esse caminho e entre os que o fazem nunca é esse o fulcro. O fulcro está sempre no humor, e o fantástico é mera ferramenta, usada ocasionalmente e nem sempre bem, para chegar objetivo de fazer sorrir.

Sorrir apenas. Não se acham aqui gargalhadas.

Sim, é verdade, apesar da mancheia de preciosidades não gostei muito. Principalmente porque foi demasiado frequente não achar graça o que, num livro de humor, é fatal.

Eis o que fui achando dos vários contos:
Este livro foi comprado.

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