sexta-feira, 17 de março de 2017

Lido: Carta Anónima

Ainda no setor deste almanaque destinado a ficções inconvencionais no sentido de não se aterem ao formato tradicional do conto, encontra-se esta Carta Anónima, que só o é em contexto ficcional, pois na realidade foi escrita por André Nóbrega. É a carta de um revoltado contra a maquinização e automatização, um descendente steampunkiano dos luditas do mundo real, radicalizado ao ponto de ameaçar combatê-las à bomba. E é, por isso, não só um exemplo interessante de reflexão sobre o ambiente social resultante da evolução tecnológica inerente ao steampunk e sobre as suas contradições, bastante sólida em termos de construção de um universo ficcional, como um texto bastante atual devido aos paralelos óbvios com a informatização em curso no mundo real. Um texto bastante bem sucedido, portanto.

Por outro lado, o sucesso deste texto é também a sua mais clara insuficiência, pois abre portas a (e gera interesse por) uma exploração do universo criado que aparentemente nunca chegará a existir, tendo em conta que esta publicação data de há cinco anos e não há notícia de o autor se ter entretanto dedicado a explorar as histórias interessantes que esta carta deixa entrever. Potencial desaproveitado. A FC&F portuguesa está cheia dele.

Textos anteriores deste livro:

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