Não sei bem se era comum os almanaques de antanho terem a sua secção de notícias; nunca vi tal secção em nenhum, visto tratar-se de publicações menos ancoradas à atualidade do que um jornal ou uma revista. Mas este tem, e Insólito "Crime" nas Margens do Tejo, assinado por um tal Rodrigo Dias, que na verdade é Pedro Ferreira, é um conto em formato de notícia de jornal, que relata os factos relativos a um crime, aparentemente passional, no qual o steampunk aparece de forma quase casual por intermédio de um par de maquinetas usadas por dois dos investigadores que, no entanto, não têm nenhuma influência na trama, pois do resultado dessas investigações não nos chega notícia. É por esse motivo que não me parece que este conto seja satisfatório, pese embora vir escrito numa prosa bastante competente enquanto prosa jornalística, e ainda que possa bastar àqueles que fazem do steampunk uma ideia basicamente cosmética. E os que dão à estética primazia sobre a especulação ficcional são uma corrente inteira, e isso, na minha opinião, é pena. Para mim, a estética não basta. Longe disso.
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