É perfeitamente possível que todos os escritores de literatura fantástica tenham escrito, ou pelo menos pensado escrever um dia, uma história em que defendem a sua dama dos ataques dos cultores do mainstream literário, ou simplesmente daqueles que não encontram na literatura qualquer interesse prático, os burocratas, as pessoas sem imaginação. Ray Bradbury escreveu várias dessas histórias, mas talvez nenhuma seja tão explícita como Usher II (bib.).
Este conto é, acima de tudo, uma homenagem a Edgar Allan Poe. Mas também a uma série de outros escritores e, em geral, à fantasia e ao terror. O protagonista, um tal William Stendahl, depois de ser perseguido na Terra, numa sociedade de gente que odeia a imaginação e a arte e queima livros à semelhança do clássico bradburiano Fahrenheit 451, constrói em Marte uma réplica da casa de Usher de Poe, e usa-a para exercer uma terrível vingança contra os fiscais que vêm tentar obrigá-lo a demoli-la. O conto, em si, como peça isolada, é muito bom, mas creio que é um dos que pior se enquadra no livro em que se insere, que procura, com a sequência de contos, contar uma história que os ultrapassa.
Não que isso tenha muita importância.
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