As Cidades Silenciosas (bib.) é um conto de Ray Bradbury que acompanha um tal Walter Gripp, homem solitário que aparece numa cidade marciana e se descobre bem mais solitário do que julgava, pois a cidade está abandonada, cheia de coisas mas vazia de pessoas. Depois de ter a reação natural em quem se vê de repente dono de tudo, a solidão ataca-o, e resolve tentar encontrar mais pessoas noutras cidades. Começa, portanto, a ligar para todos os números da lista telefónica na esperança de que em algum alguém atenda. E isso realmente acontece... e logo uma mulher. Gripp, que já se vê na pele de um novo Adão, corre à procura dela... mas a mulher que encontra não é exatamente como estava à espera.
Este conto é curioso porque é um conto divertido escrito com base numa situação que nada tem de divertido, e também porque o local em que se encontra na sequência do livro de que faz parte leva-o a constituir um corte abrupto na atmosfera opressiva que o livro adquire nas últimas páginas. O efeito é certamente propositado, mas deixa-me algo ambivalente. O conto não deixa de mostrar a mestria habitual de Bradbury, mas não consigo evitar a sensação de que não se encaixa lá muito bem ali. Em todo o caso, lido isoladamente é um bom conto.
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