domingo, 14 de março de 2010

Lido: O Rei Mais Louco: Henri Christophe

O Rei Mais Louco: Henri Christophe é a última das histórias de Rhys Hughes em que ele ficcionaliza (e por vezes surrealiza) a vida de pessoas reais. Desta feita o tratamento cai sobre Henri Christophe, personagem tão colorida como todas as outras que aparecem neste grupo de histórias. No mundo real, Christophe chegou à ilha de Hispaniola como escravo, participou ativamente nas revoltas que acabaram por resultar na revolução haitiana e na independência do país, do qual se tornou um dos líderes principais durante o breve período em que este foi governado por Dessalines. Após o assassínio daquele que foi o primeiro governante do Haiti independente, Henri Christophe criou um estado no norte do Haiti, do qual se proclamou primeiro presidente e mais tarde rei, embarcando numa política megalómana de construção de palácios e castelos, enquanto mantinha com o sul (uma república dirigida por um antigo companheiro da revolução chamado Alexandre Pétion) um estado de guerra quase constante. Como sempre, a história de Hughes segue a história real nos seus traços gerais, mas inventa pormenores falsos e surrealiza-a. Um exemplo disso é a explicação dada para a loucura de Christophe ter sido tolerada pelo seu povo durante década e meia: Christophe teria um buraco no crânio causado por um ferimento sofrido durante a guerra de independência dos EUA, através do qual a sua loucura saía e ia infetar todos os que estivessem ao seu alcance. São pormenores deste género que fazem com que este seja um dos contos que li com mais agrado nesta parte do livro.

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