War, Ice, Egg, Universe é uma noveleta de ficção científica de G. David Nordley, autor que desconhecia. E é uma daquelas histórias de que eu gosto mesmo: Uma espécie alienígena inteligente algo semelhante aos nossos crustáceos, habitante de um mundo com estranhas regras topológicas no qual se sobe para o centro e se cai para o exterior, está em guerra, entre uma fação teologicamente motivada e, obviamente, obscurantista e barbárica, e uma outra que procura defender-se através da pesquisa e da ciência, expandindo os limites do conhecimento e procurando assim sobreviver. Seguimos um membro desta espécie, envolvido numa escavação no gelo para tentar encontrar pedraleve (lightstone) que possa ser usada no fabrico de aparelhos voadores, à medida que ele vai sendo encarregue de pesquisas de último recurso cada vez mais desesperadas, até que encontra não a pedraleve que procurava mas algo melhor: alienígenas. Nós.
Aquilo que me agradou particularmente nesta história não foi a guerra, que histórias de guerra existem aos milhares e esta, enquanto tal, está longe de ser das melhores. Foi a magnífica criação de um mundo, que quem conhece bem o que anda aí a girar pelo espaço reconhece com alguma facilidade apesar da bizarria da topologia local (ou, melhor, por causa dela), mas deixará os outros a coçar as cabeças ao longo de toda a história e para lá dela. E foi uma criação de ETs muito bem sucedida, apesar da maior falha do conto: a psicologia do protagonista ser mais humana do que a de muitos membros da nossa espécie. Sem entrar em explicações desnecessárias, deixando aos conhecimentos do leitor a tarefa de entender ou não, Nordley constrói um belo cenário de ficção científica hard e elabora nele uma história bem concebida. E o fim, em que tudo no futuro da sociedade do nosso ET muda por causa do primeiro contacto com uma espécie para ele alienígena, tem profundas implicações para a nossa própria espécie. Muito bom.
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