With Caesar in the Underworld é uma novela de história alternativa de Robert Silverberg, o penúltimo texto da sua série de ficção curta Roma Eterna, que postula a sobrevivência do Império Romano bem para lá do seu prazo de validade no mundo real, num mundo em que o cristianismo nunca chega a desenvolver-se. A novela passa-se no equivalente ao nosso ano de 529, numa época em que o Império Romano já se encontrava dividido nas suas duas metades oriental e ocidental (divisão que aconteceu de facto, na nossa linha temporal; a metade ocidental caiu em 476; a oriental só veio a cair definitivamente no século XV, derrotada pelos otomanos), independentes mas com relações amistosas. Uma época em que a metade ocidental enfrenta a ameaça de tribos bárbaras provenientes da Germânia, sem ter um imperador à altura, naquilo que parece um prenúncio do fim.
É a esta situação que chega um grego, homem estranho que, apesar de vir a Roma como embaixador do império do oriente encarregado de negociar uma cooperação militar contra os bárbaros, não se coíbe de manifestar um considerável fascínio pelo submundo da Cidade Eterna, local subterrâneo, sede de todos os vícios e cultos secretos. Este grego vai arrastar Faustus, o protagonista da novela, membro dum ramo empobrecido da família imperial e funcionário, para uma exploração do submundo. Com eles vai também um hebreu para o qual o submundo não tem segredos, e César Maximilianus, filho mais novo do moribundo imperador e melhor amigo e companheiro de patuscadas de Faustus.
É uma história bem construída, digna dos pergaminhos do autor, um dos grandes nomes da ficção científica americana. Tem boas personagens, o leitor é conduzido através do enredo com mão segura e, embora nalgumas passagens a história pareça sofrer de algum excesso de informação, esta acaba por revelar-se fundamental para a reavaliação completa do que ficou para trás que o desfecho provoca. Tudo muito bem feito, tudo muito natural. Desconfio mesmo que até quem não costuma gostar muito de história alternativa consegue ler esta novela com agrado, desde que tenha algum apreço por ficção histórica e/ou por questões palacianas e lutas pelo poder.
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