quarta-feira, 7 de abril de 2010

Lido: Virão Chuvas Suaves

Virão Chuvas Suaves (bib.) é um dos contos de Ray Bradbury que serão para sempre grandes obras-primas da ficção científica. Inspirado num poema de Sara Teasdale (e contendo-o), o conto mostra-nos um dia na vida inútil duma casa automática, a única que se mantém em pé numa cidade destruída pelo apocalipse nuclear, apesar das paredes enegrecidas, nas quais se podem ainda ver as sombras em negativo dos seus antigos donos, há muito vaporizados. O conto é perfeito na forma como vai levando o leitor de automatismo inútil em automatismo inútil, mostrando-nos uma vida banal e suburbana que só resiste ainda nas rotinas programadas da casa, e mostrando depois também a destruição implacável desse último sinal de vida humana. Um conto simplesmente magnífico, ainda mais tendo em conta que já tem sessenta anos de história em cima. Envelheceu notavelmente bem.

2 comentários:

  1. Magnífico de facto, Jorge. Somente prefiro a versão "Virão Chuvas Mansas" publicada na colecção Espaço da Verbo, há muitos anos. Fica um título mais poético (ou talvez por ter sido a primeira versão encontrada, fiquei com esta na memória).

    Abç

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  2. Sim, tenho também uma ligeira preferência por esse título, mas acho que este também captura bem o ritmo e sentido do verso da S. Teasdale. Realmente mau é o terceiro título que este conto teve em Portugal: "Hão-de Chegar as Chuvas Brandas". Blheargh!

    Seja como for, foi este o título que usei aqui porque é assim que o conto vem intitulado no livro que estou a ler. Se de outra forma viesse, esse usaria.

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