quinta-feira, 12 de julho de 2012

Infinitamente Improvável

Tenho um anúncio a fazer: abri um webzine. Chama-se Infinitamente Improvável.

O Editorial explica tudo, como a ideia surgiu, porque foi posta em prática, etc. Também remete para a página mais importante da moldura do zine, esta, que explica em linhas gerais o que se pretende. Como lá vem escrito, "o Infinitamente Improvável publica contos e outras coisas literárias que sejam... infinitamente improváveis." Isto é vago? É. Mas foi deixado vago de propósito. Mesmo a informação complementar que essa página contém é algo vaga. Porquê?

É frequente a criatividade precisar de estímulo, de um arranque. Mas também é frequente ficar abafada quando se lhe são impostos limites demasiado estreitos, embora o que seja "demasiado" varie muitíssimo de autor para autor (e até de momento para momento). Por isso, quando concebi o zine tomei algumas decisões.

A primeira, e mais importante, foi criar uma delimitação que o individualizasse. Compreendo bem a necessidade que as publicações dirigidas ao mercado genérico têm de tentar agradar ao máximo possível de públicos, maximizando assim a visibilidade e, por vezes, o retorno financeiro. Mas sinto falta de publicações com individualidade forte, especialmente em Portugal. É isso que o II pretende ser.

Por outro lado, não quis afunilar demasiado o âmbito do zine. Daí a vagueza.

Mas por outro lado ainda, pareceu-me que talvez alguns autores precisassem de algo mais concreto que os auxiliasse a perceber, mais ou menos, o que se pretendia. Portanto decidi começar por publicar dois contos meus que se encaixassem no que pretendo. No editorial chamei-lhes balizas, mas pensando melhor creio que a imagem mais adequada é a de escoras. Um par de estacas que atraiam e solidifiquem a duna de histórias que desejavelmente se irá ali construir.

Esses contos já lá estão. Um, A Injeção Financeira, já tinha sido aqui publicado na Lâmpada, e fala de um tipo que anda a precisar de meter finanças para a veia. O outro, Pandorama, é novo e vai buscar um certo mito grego, misturando-o com cosmologia, extraterrestres e universos alternativos.

Não planeava passar tão depressa da criação do espaço ao seu anúncio oficial. Mas as submissões começaram a chegar, e isso levou-me a acelerar tudo. Inclusive a publicação da primeira dessas submissões, de Miguel Hernâni Guimarães. Intitula-se Decepções da Paternidade e é uma ficção científica carregadinha de ironia, na qual se reconhecem certas figuras e instituições muito presentes nos últimos tempos nos noticiários portugueses.

Mas o pormenor mais original na proposta que ali é feita é este: "o Infinitamente Improvável não só autoriza como encoraja que as histórias [lá] publicadas sejam usadas como fonte de inspiração para novas histórias. Satirizando-as, levando-as por outros caminhos, qualquer coisa menos copiando-as." A ideia é que o II não seja apenas um repositório de histórias, mas sim uma rede de textos que dialogam uns com os outros. Bem sei que não o será por completo, que haverá histórias que permanecerão sozinhas e isoladas, mas a ideia é que essa rede surja. Até porque isso mostrará que as histórias são realmente lidas, não se limitam a estar lá. E propiciará que o todo ultrapasse a mera soma das partes que o compõem.

Mas agora é com vocês, autores e leitores. A primeira metade da minha parte está feita. Abri o espaço e fiz a proposta. Cabe agora a vocês aceitá-la. Ou não.

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