A Maravilhosa História do Internamento (bib.) é um conto fantástico de Carlos Wallenstein sobre relações de trabalho e de poder numa empresa industrial. Contado na primeira pessoa por um autodesignado "industrial honesto", que se apresenta com o pseudónimo de Benjamim Elefante para, como afirma, tentar evitar manchas na sua reputação, relata uma série de peripécias, traições e crimes de que terá sido vítima, trazidos ao seu conhecimento por uma operária, de nome Marta, que lhe vai um belo dia bater à porta. Tudo isto com fantasmagorias à mistura. No fim, acabamos por descobrir que das duas uma: ou o "industrial honesto" é um biltre com um ténue vestígio de bom coração, ou um louco. Talvez as duas coisas. E o mesmo se pode dizer dos sócios e provavelmente de toda a classe de que faz parte.
O conto é basicamente uma sátira sociológica com ideologia clara. Até um pouco panfletário. Ou mais que um pouco. Isso tem consequências na unidimensionalidade das personagens, e essa unidimensionalidade contribui para tornar a história previsível. Mas Wallenstein acaba por subverter a previsibilidade com a introdução do elemento fantástico, o qual só surge perto do fim. É uma forma inteligente de dar algo mais a um conto que podia ter sido muito banal. Assim sempre se eleva acima da mediania, muito embora não me tenha agradado muito. Não me parece que chegue a ser um bom conto, mas aproxima-se disso.
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