Os Jogos do Capricórnio (bib.) é um conto de Robert Silverberg que carrega consigo, em cada página, as marcas da época em que foi escrito, o início dos anos 70. Muito literário, é lídimo representante da ficção científica New Wave, tanto no que ela teve de bom como no que teve de menos bom. O conto passa-se todo numa festa de gente fina, no futurista (à época) ano de 1999, cujos principais motivos de interesse são a presença de um homem multicentenário, possivelmente imortal, e de um telepata. No fundo, hoje este conto seria mais depressa visto como fantasia urbana do que como ficção científica.
O tom é mais fútil do que introspetivo, como cai bem ao ambiente. Mesmo assim, Silverberg, com um estilo quase psicadélico, consegue roçar por uma reflexão sobre a mortalidade humana, ainda que pouco aprofundada, e a sua prosa é tão evocativa que é até capaz de chegar ao leitor através dos estragos que o nosso velho amigo Euriico da Fonseca lhe causa. Mesmo não tendo gostado muito do conto não consegui evitar perguntar a mim próprio como se leria ele bem traduzido, ou no original, porque me pareceu que a sua principal força está, precisamente, no tratamento da língua, não no enredo, personagens ou ambiente.
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