quarta-feira, 8 de agosto de 2012

E ele cresce...

Parece que foi ontem que falei pela última vez do Infinitamente Improvável aqui na Lâmpada, mas a verdade é que não foi. Se fosse ontem, o mais certo seria o site estar precisamente na mesma; como não foi, não está. Na verdade, duplicou de tamanho desde então. Em vez dos cinco contos que tinha naquela altura, tem agora dez.

Começou por crescer com um continho meu, Testemunhas, sobre umas ovelhinhas que me vieram bater à porta enquanto eu estava a almoçar. É uma coisa que me chateia, que ovelhas me venham bater à porta enquanto eu estou a almoçar, de modo que escrevi o conto. Depois, mantendo-se em volta das refeições (o que já é uma forma de diálogo, suponho), cresceu com um continho do Tiago Martins Gama, adequadamente intitulado O Jantar, sobre um momento de perplexidade familiar. Seguiu-se O Gafanhoto, um conto um pouco mais extenso, de Álvaro de Sousa Holstein, no qual Zeus, ou algo por ele, resolve proteger a bicharada rastejante da forma mais radical possível. O conto seguinte veio do Brasil, o que fica claro logo no título: O Pacto Macabro da Velha Antonha. Ôxente! Parece que vem lá coisa braba, visse? E veio mesmo, que o Afonso Luiz Pereira faz um belo tratamento do dialeto nordestino que forçou aqui o pobre editor a matutar sobre como fazer com que algo de semelhante a notas de rodapé funcionasse em hipertexto. Acho que não me saí mal da empreitada, mas o importante é mesmo o conto. E por falar em conto, já só falta falar aqui do décimo, A Rapariga de Areia, de G. B. Nunes. É um conto que se vai inspirar no realismo mágico e, provavelmente, na época estival que atravessamos.

São todos contos que se enquadram na proposta do zine: escrever sobre o infinitamente improvável. Mas confesso que, tomados em conjunto, não estão a corresponder inteiramente ao que eu tinha em mente para o zine. Ainda não decidi se acho isso bom ou não. Seja como for, não vou recusar bons contos que respeitam a proposta só porque não a respeitam exatamente como eu estava à espera. O máximo que farei, se o chegar a fazer, será publicar contos meus que se aproximem mais do que queria, para ver se inspiram a malta.

E, por falar nisso, continua sem haver o tal diálogo. Tirando a coincidência de terem sido publicados consecutivamente dois contos com ambientes domésticos e centrados em refeições (e não passa de coincidência; o conto do Tiago já estava escrito antes do meu ser publicado), não me chegou ainda nenhum inspirado noutro dos contos II. Os motivos? Vocês saberão quais são. Mas o que eu quero mesmo saber é: quem será o primeiro a atrever-se? Hm? Quem será o destemido?

Não me obriguem a ser eu, vá lá.

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