Liscon 2060 (bib.), conto curto de ficção científica de João Barreiros, é uma espécie de avô de Fantascom. Mas um avô muito melhor que o neto. Trata-se também de uma sátira centrada na relação entre a literatura de que Barreiros gosta e aquela de que não gosta, e também de novo visa em especial uma pessoa que quem esteja atento ao fandom português de FC&F depressa reconhece. Este é, aliás, um conto particularmente polémico: o visado ofendeu-se e as ondas de choque desse ataque e consequente ofensa fazem-se sentir até hoje, mais que uma década depois da sua publicação original. Mas pondo isso de parte, lendo este conto percebe-se bem o quão medíocre é Fantascom. Porque Liscon 2060 é um Fantascom em estado concentrado, eficaz, com tudo no sítio certo, no qual a escrita nervosa de Barreiros é congruente com a história nervosa que conta, sem nada daquela história empastelada que não avança por páginas e páginas, a história de um autor de FC que tem de fazer uma perigosíssima viagem do Porto a Lisboa para apresentar uma sua obra a um congresso literário, num Portugal futuro em que as Beiras foram invadidas e dominadas por uma biosfera alienígena hiperpredatória mas os preconceitos literários estão tão vivos como hoje em dia. Ou talvez mais ainda.
Ataques pessoais à parte, este é um dos bons contos da FC portuguesa.
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