Contos Encantados é uma espécie de yin-e-yang em forma de livro, ainda que resvale mais para o yin do que para o yang. A ideia parece ter sido juntar contos que partissem das velhas histórias de encantar que todos conhecemos da infância e as desenvolvessem ou subvertessem, de alguma forma. Mas é neste "alguma forma" que reside o problema. É que os dois contos deste livro utilizam de formas tão díspares o material de base, que o resultado é um livro completamente desequilibrado, sem a mínima harmonia. Um utiliza-o para, sem perder o maravilhoso característico de tais histórias, as aprofundar, conferindo-lhes uma dimensão política que geralmente não possuem. O outro comete a proeza de as tornar ainda mais superficiais e patetas do que já eram, enquanto lhes rouba toda a imaginação.
Se a ideia era mostrar que os autores podem levar o mesmo material de base em direções diametralmente opostas, pois muito bem, parabéns, conseguiram. Mas se a ideia foi essa, ela é muito mazinha para publicação tão pequena. Numa publicação maior, essa variedade poderia resultar numa espécie diferente de unidade, e os contos maus que aparecessem poderiam diluir-se no conjunto; aqui, nada disso aconteceu, os contos não "falam" um com o outro, estão de costas voltadas, nem sequer se suportam. E o resultado é uma má antologia. Já seria fraca mesmo se ambos os contos fossem bons, mas incluindo um conto tão mau como o de Vicki Baum é muito menos que fraca.
Eis o que achei dos dois contos:
Este livro foi comprado.
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