A Lei, de Robert M. Coates, é daqueles contos de um fantástico salpicado de humor e surrealismo que encaixariam que nem uma luva na proposta do Infinitamente Improvável. Ambientado em Nova Iorque, descreve o que acontece quando a banalidade quotidiana é interrompida por um afluxo completamente anormal de veículos a uma das pontes que ligam Manhattan a Long Island, gerando longas filas e mais longas esperas, além de um autêntico ataque de nervos aos portageiros. Este acontecimento traz para o primeiro plano do consciente coletivo outros acontecimentos semelhantes que tinham vindo a suceder nos últimos tempos, mas que haviam sido relegados para a categoria de coincidências sem importância. E segue por aí fora, ainda que não por muito tempo — o conto é curto — mostrando uma sociedade que tenta adaptar-se, a custo, à incerteza gerada por aqueles fenómenos inexplicáveis.
Gostei mais da premissa do que propriamente do conto, apesar de este não me parecer mau. Mas pareceu-me que explorou a premissa de uma forma demasiado superficial, tocando apenas pela rama as consequências de um tal acontecimento. Dir-se-ia que o autor, depois de ter a ideia, não teve espaço, tempo, vontade ou arte para a explorar com a profundidade que ela talvez merecesse, impressão que talvez seja acentuada pelo final em aberto. Parece-me que é pena. Haveria muito sumo a extrair deste naco de fruta. Mas ainda assim não desgostei.
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