quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Leituras de 2012

Em 2012, mais uma vez, não li tanto como nos antigamentes em que não traduzia, embora tenha lido mais do que no ano anterior, ano que, por sua vez, teve leituras mais abundantes do que no que o antecedeu. Desta vez, o número relativamente escasso de livros lidos é culpa de um inverno e um início de primavera de leituras muito pouco abundantes, atrasadas por um par de romances compridos e muito chatos — até entrar maio tinha lido apenas três livros, menos de um por mês. Depois disso, as coisas entraram num ritmo mais acelerado, ainda que não tanto como nos bons velhos tempos. Mas acabo o ano com uma porção de livros meio lidos que são um belo avanço das "leituras de 2013". Na verdade, se somar as páginas já lidas de todos os livros que tenho em leitura é bem capaz de chegar às duas mil. E esse é outro motivo para o número relativamente baixo de livros lidos este ano: há uma dezena que transita para o ano que vem.

No que toca a géneros foi um ano variado, com um pouco de muita coisa, ainda que tenha pendido mais para a ficção científica do que para o resto. Também li mais horror do que costumava ser hábito, quase todo clássico (ou neoclássico). E li BD, o que já não fazia há anos e anos, embora não por iniciativa própria. A verdade, contudo, é que nada se sobrepôs realmente ao resto: nem os livros de FC, que foram a maioria, chegaram à maioria absoluta. E isso é bom.

Os livros propriamente ditos, lidos por lazer mas todos comentados na Lâmpada ao longo do ano, foram bastante mais do que no ano passado, tendo somado 29. A lista completa é a seguinte:

1- O Tesouro da Rainha do Sabá, de Nuno Júdice (noveleta surrealista);
2- Vaporpunk, org. por Gerson Lodi-Ribeiro e Luís Filipe Silva (contos e novelas steampunk);
3- O Mistério da Estrada de Sintra, de Eça de Queirós e Ramalho Ortigão (romance mainstream com toques de policial);
4- A Erva Vermelha, de Boris Vian (romance com aspetos de mainstream, ficção científica e surrealismo);
5- Ensaio Sobre a Lucidez, de José Saramago (romance fantástico com toques de ficção científica);
6- Titus: O Herdeiro de Gormenghast, de Mervyn Peake (romance de fantasia fortemente surrealista);
7- A Peste Negra, de Gomes Leal (ficção curta fantástica);
8- Barroco Tropical, de José Eduardo Agualusa (romance de ficção científica distópica);
9- Terrortório, de vários (contos de terror);
10- O Silmarillion, de J. R. R. Tolkien (um romance e vários contos de fantasia);
11- Contos Galácticos, de James Blish (contos de ficção científica);
12- Contos Espantosos, de vários autores (contos fantásticos e mainstream);
13- A Noite e o Sobressalto, de Pedro Medina Ribeiro (contos de horror);
14- Contos Encantados, de vários autores (contos de fantasia e mainstream);
15- Um Deus Passeando Pela Brisa da Tarde, de Mário de Carvalho (romance histórico);
16- Antologia de Contos Temáticos, organizada por Henry Alfred Bugalho (contos fantásticos e mainstream);
17- Anjos Pistoleiros, de Paul McAuley (romance de ficção científica);
18- O Planeta Vermelho, de Russ Winterbotham (romance de ficção científica);
19- À Boleia Pela Galáxia, de Douglas Adams (romance de ficção científica humorística);
20- Antologia do Conto Fantástico Português, org. por E. M. de Melo e Castro e Fernando Ribeiro de Mello (contos fantásticos);
21- Os Jogos do Capricórnio, de Robert Silverberg (contos de ficção científica);
22- Contos Lendários, de vários autores (contos de fantasia);
23- Invasores Terrestres, de Robert Silverberg (romance de ficção científica);
24- O Melhor do Desafio Operário, org. Ana Cristina Rodrigues (contos de ficção científica e fantasia);
25- O Fim do Sr. Y, de Scarlett Thomas (romance fantástico);
26- Julieta, de Pinheiro Chagas (conto de horror);
27- Contos Misteriosos, de vários (contos fantásticos e mainstream);
28- Forças do Mercado, de Richard Morgan (romance de ficção científica);
29- História do Futuro, do Padre António Vieira (texto retórico e teológico)

A acrescentar aos livros li também revistas, que funcionam praticamente como se fossem antologias periódicas e portanto também contam para o total. E já tinha dito isto no ano passado. Foram é metade das do ano passado; duas em vez de quatro:

30- E-zine BBDE, nº 1 (fanzine com contos e poemas fantásticos e mainstream);
31- Asimov's, nº 326 (revista com contos e poemas de ficção científica e alguma fantasia)

Por fim, e de novo tal como no ano passado, li alguns livros por obrigação laboral. No ano anterior tinham sido dois, este último ano foram cinco. Ei-los:

32- The Hedge Knight, de George R. R. Martin, Ben Avery, Mike S. Miller e Mike Crowell (BD de fantasia medieval);
33- Sworn Sword, de George R. R. Martin, Ben Avery e Mike S. Miller (BD de fantasia medieval);
34- Windhaven, de George R. R. Martin e Lisa Tuttle (romance de ficção científica)

Espera lá, deve estar o belo do leitor atento a dizer neste momento, não eram cinco? Eram, pois eram. Mas há dois de que só vos falarei para o ano. Porquê? É cá comigo.

Livro do ano? Desta vez é fácil: Forças do Mercado, do Morgan. Já decidir quem o acompanha no habitual trio de leituras em destaque é mais difícil. Provavelmente escolheria Um Deus Passeando Pela Brisa da Tarde e o Ensaio Sobre a Lucidez, com O Fim do Sr. Y e Barroco Tropical não muito atrás. Curiosamente, são só romances... embora Vaporpunk também estivesse nesta lista caso não contivesse uma novela minha.

Quanto às piores leituras do ano, não li nenhum daqueles livros sem qualidades que se destacam claramente dos demais. Mesmo aquela publicação que de facto se destaca das demais, o E-zine BBDE, nº1, contém algumas coisas interessantes. Tirando este ezine, e embora tenha havido vários outros livros de que não gostei, os piores deste ano que passou são todos melhores do que os piores de 2011. Mesmo assim, a escolha de três não é fácil. O Planeta Vermelho tem de constar da lista, suponho, mas quanto ao outro... hesito. Talvez A Peste Negra, seguida de perto pela Antologia de Contos Temáticos e pelo Tesouro da Rainha de Sabá.

E quanto a 2012 estamos conversados. Venha 2013.

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