The Merchant and the Alchemist's Gate é uma bela noveleta de Ted Chiang que, usando a técnica das narrativas dentro de narrativas e a ambientação das Mil e Uma Noites, conta uma convoluta história sobre viagens no tempo, através de portais, e reflete sobre os conceitos de destino e de livre arbítrio. O tempo que Chiang descreve é um tempo linear, inalterável e não sujeito a paradoxos. Não que qualquer tempo linear e inalterável esteja imune a paradoxos. Mas no universo que Chiang descreve sim. As viagens, que tanto podem realizar-se para o passado como para o futuro, acontecem numa linha temporal única, e a parte mais interessante da história é o modo como Chiang consegue conjugar isso, que em princípio geraria paradoxos do tipo "se eu souber que vou morrer no sítio tal a tais horas bastar-me-á não estar lá a essa hora para alterar o futuro que teoricamente será inalterável", com a conservação da capacidade de decisão individual e do inesperado, através de um conjunto de pequenas — ou não tão pequenas como isso — histórias entrelaçadas, cada uma centrada na sua personagem. O resultado é um perfeito nó — ou um nó perfeito, o que não é bem a mesma coisa — na cabeça e nos conceitos do leitor. Uma ficção científica de baixa tecnologia, muito filosófica, e bastante bem escrita. Muito bom.
Quando puder leia o The lifecycle of software objects também do Chiang. Muito bom.
ResponderEliminarOK, obrigado pela sugestão.
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